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Executivo explica o motivo das empresas aderirem a um modelo ESG

Para o diretor de sustentabilidade da EY, para expandir os negócios, as empresas devem buscar um formato em que questões ambientais, sociais e de governança corporativas façam parte das estratégias

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Leonardo Dutra

Buscar a sustentabilidade, ou seja, a preservação ambiental, a justiça social e ética na governança corporativa, o conceito de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), não é ser contra os negócios, como afirma o diretor de sustentabilidade da Ernest & Young (EY), Leonardo Dutra, mas o contrário, é buscar expandir os negócios. “A preservação desses ativos significa prosperar”, diz.

Ele explicou que implantar uma agenda ESG na empresa não é uma causa política, mas de sobrevivência do negócio, durante o Sindepat Summit, evento organizado pelo Sindepat (Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas), que aconteceu nos dias 23 e 24 de março, em Gramado (RS). A Ernest & Young é uma empresa global na área de consultoria, auditoria, impostos e transações para os setores automotivo, financeiro, governamental, de entretenimento, mineração, imobiliário, de tecnologia e de telecomunicações.

Muito falada atualmente, a sigla ESG era o que há alguns anos se chamava sustentabilidade, mas com um conceito mais amplo, pois não é apenas no sentido ambiental, mas também social e de governança corporativa. “ESG é um conceito de negócio, e esse formato não passa por uma linearidade, mas por um tripé, coisas que você coloca em conjunto para revisar o seu modelo de negócio”, explica o executivo da EY.

Leonardo Dutra ressalta que as empresas começaram a pensar na sustentabilidade nos negócios na década de 1960, no chamado “Clube de Roma”, em que empresários europeus se reuniam para debater como ativos ambientais impactavam em suas companhias ou como poderiam gerar novos negócios através de ativos ambientais. “Foi a primeira vez que o meio empresarial se depara com o meio ambiente como limitante ao crescimento”.

A sigla ESG apareceu pela primeira vez em 2004, em uma carta do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, dirigida ao mercado investidor, para que ao aplicar o capital analisasse três pontos: o ambiental, o social e governança.

Porém, o ESG se tornou uma tendência global apenas a partir de 2020, quando em janeiro daquele ano, o CEO da BlackRocks, Larry Fink, enviou uma carta aos seus investidores falando sobre propósito, de como o capitalismo deveria transmutar para um modelo mais inclusivo, pois, serviria ao desenvolvimento e prosperidade. “E ali ele consolida o modelo de ESG no mercado de capitais. E o mercado global começou a se movimentar em torno desse conceito”, conta Leonardo Dutra.

ESG é necessário para o crescimento dos negócios

Modelo da Economia da Rosquinha

O executivo da EY cita a Economia Donut, ou Economia da Rosquinha, uma teoria formulada pela economista Kate Raworth, professora da Universidade de Oxford e Universidade de Cambridge, em que se trabalha com o conceito de teto ecológico. “A nossa prosperidade é limitada pelo o que o planeta pode nos fornecer, e se não levarmos em conta não conseguiremos crescer”, explica ele. “Precisamos nos conscientizar disso para começarmos a gerenciar como negócio os ativos ambientais”.

Em recente pesquisa da EY, com 324 líderes de grandes fundos de investimentos globais, mostrou que a agenda ESG já é vista como um ponto estratégico para os negócios, mas ainda pouco aplicado pelos investidores.

De acordo com a pesquisa, 90% dos gestores consideram as diretrizes sustentáveis para tomada de decisão sobre seus investimentos. 86% afirmaram que uma companhia em que o conceito de ESG está fortemente implantado em sua estratégia e ações impactam diretamente nas recomendações dos analistas atualmente. E ainda, com a pandemia, 74% dos investidores estão mais inclinados a desinvestirem em empresas sem comprometimentos ambientais, sociais e de governança corporativa.

Porém, apenas 49% dos entrevistados estão de fato ajustando suas estratégias e investimentos de acordo com a agenda ESG. Segundo a pesquisa, 78% dos investidores querem que as empresas divulguem relatórios ESG com mais qualidade e informações e 89% gostariam que tornasse um requisito obrigatório que os relatórios de desempenho sustentáveis das empresas seguissem padrões globais.

Em relação aos dados para preencher os relatórios, os investidores apontaram alguns desafios para implementar uma gestão focada no ambiental, social e governança. 51% dos gestores disseram faltar informações sobre como a empresa pode criar valor ESG e 46% enxergam uma desconexão entre os relatórios ESG e as informações financeiras das companhias.

A pesquisa EY também perguntou quais questões sociais os investidores enxergam como mais importantes na avaliação de uma empresa:
– 35% satisfação dos consumidores;
– 32% diversidade e inclusão;
– 28% impacto nas comunidades locais;
– 28% criação de empregos.

Outra pesquisa, da CNI (Confederação Nacional da Indústria), apontou que 62% dos consumidores brasileiros já boicotaram marcas por conta de violação de direitos trabalhistas, que fazem testes ou maltratam animais, por crimes ambientais, discriminações de qualquer tipo ou posicionamento político. Já a pesquisa Global Sustainability Study 2021 mostrou que 1 a cada 3 consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis.

“ESG não é apenas sobre responsabilidade social e cuidados ambientais, é como você equilibra seu modelo de negócio em torno dessas questões”, conclui Leonardo Dutra.

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