Com sete hotéis, cinco no Rio Grande do Sul e dois em Portugal, a Swan Hotéis se destaca no mercado de hotelaria e turismo pela sua abordagem inovadora nos empreendimentos, entregando projetos arquitetônicos únicos, acompanhados de tecnologia, design de interiores artísticos e experiências diferenciadas.
Liderando a rede hoteleira como CEO, Gabriela Schwan Poltronieri, desde que assumiu o cargo em 2020, nas vésperas da pandemia de Covid-19, enfrentou duas enormes crises, durante a pandemia e nas enchentes do Rio Grande do Sul em 2024, e saiu mais fortalecida de ambas. Desde que assumiu o posto de CEO, ela imprimiu sua marca na gestão da Swan Hotéis, com estratégias inovadoras para proporcionar novas experiências aos clientes, modernizar os empreendimentos e expandir os negócios.
Nesta entrevista ao Turismo Compartilhado, Gabriela conta sua trajetória na Swan Hotéis, os desafios enfrentados, a cultura e governança da empresa, a expansão dos negócios com a multipropriedade e muito mais.
Fale um pouco de sua trajetória e como você se preparou para assumir o cargo de CEO.
Trabalho na Rede Swan desde 1998 e, ao longo dos anos, me dediquei muito para assumir a posição de CEO. Desde o início, soube que para liderar uma rede hoteleira seria fundamental entender cada detalhe do negócio. Por isso, busquei uma formação abrangente e aprofundada, além de experiências práticas que me proporcionassem uma visão completa da operação e gestão.
Minha preparação incluiu uma pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e uma especialização em hotelaria na Cornell University.
Ao longo da minha trajetória na Rede Swan, atuei em todas as áreas da empresa. Vivenciei de perto desafios operacionais, estratégicos e humanos, o que me permitiu compreender profundamente as necessidades dos clientes, as demandas do mercado e o funcionamento interno da rede. Essa experiência prática, aliada à minha formação acadêmica, foi fundamental para desenvolver uma visão holística e estratégica do negócio.
Completei cinco anos como CEO em janeiro de 2025. Havia recém-assumido o cargo em 2020, no ano em que uma pandemia afetou a todos em escala global. Foi um período desafiador, mas acredito que nada aconteça por acaso. Grandes lideranças reforçam que, em momentos de crise, a capacidade de adaptação se torna essencial — e esse é um dos grandes diferenciais da liderança feminina.
Como surgiu a rede Swan Hotéis? Por que sua família decidiu investir em hotelaria e como foi a expansão da rede hoteleira?
A Rede Swan Hotéis iniciou em 6 de abril de 1993, quando meus pais, Carlito e Chirley Schwan, juntamente com o parceiro de investimento, Ernani Reuter, inauguraram o Swan Novo Hamburgo no histórico bairro de Hamburgo Velho, ponto mais alto da cidade de Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre. Na época, ele identificou uma carência de hospedagem adequada para visitantes, clientes e fornecedores na região, que por sua vez é composta por empresas do ramo calçadista e do couro, e que demandava aos visitantes que se hospedassem em Porto Alegre devido à falta de opções no Vale do Sinos
Menos de sete anos depois, em 6 de janeiro de 2000, a rede se expandiu para a capital gaúcha com a abertura do Swan Porto Alegre. Em 2002, foi inaugurado o Swan Molinos, também em Porto Alegre. No ano seguinte, a atuação seguiu para o interior do estado, estabelecendo uma unidade em Caxias do Sul, seguida por outra, na cidade portuária de Rio Grande, em 2012.
Após 22 anos de atuação exclusiva no Rio Grande do Sul e no Brasil, a rede passou a explorar novos horizontes e, em 2015, foi inaugurada a Casa do Mercado Lisboa, na Rua Boa Vista. No ano seguinte, em Sintra, veio o Palácio de Sintra e a Casa do Vinho, um conjunto hoteleiro boutique que recebeu o título de Portugal Collection.
A expansão sempre foi orientada pela identificação de oportunidades e vontade de oferecer experiências únicas de hospitalidade, conectando nossas unidades às comunidades locais e às inovações do setor. O Swan Generation e o Jangal das Araucárias são pilares estratégicos na expansão e consolidação da Rede Swan, representando a visão de futuro e inovação que orienta nossos projetos. Ambos exemplificam o movimento que une hospitalidade de alto padrão e flexibilidade, bem como o conceito de multipropriedade.
Por ser uma empresa familiar, como funciona a tomada de decisão na Swan? Há um conselho de administração? Outros membros da família participam do conselho ou da gestão da empresa?
Na Swan Hotéis, por sermos uma empresa familiar, contamos com um modelo de governança estruturado que inclui um Conselho de Administração. Esse Conselho é composto por membros da família e por investidores, garantindo uma gestão equilibrada e estratégica. As decisões são tomadas de forma colegiada, com base em planejamento e análise criteriosa, sempre alinhadas aos valores e propósitos da rede. Contamos com a experiência da família para manter a identidade da marca e, ao mesmo tempo, com a visão dos investidores para garantir inovação e sustentabilidade no negócio.
Quais mudanças de gestão e direção na empresa você implantou ao assumir a posição de CEO?
Ao assumir a posição de CEO da Rede Swan Hotéis em janeiro de 2020, iniciei um processo de transformação profunda, focado na construção de uma cultura organizacional inovadora, integrada e orientada para resultados. Um dos pilares dessa transformação foi a valorização das pessoas. Investi no desenvolvimento de lideranças internas, incentivando uma gestão mais horizontal e colaborativa e promovendo práticas de governança corporativa que fortalecessem a transparência e a tomada de decisões estratégicas.
Além disso, implementamos novos processos de gestão, incorporando tecnologias que otimizaram operações e aprimoraram a experiência do hóspede. Estabelecemos uma abordagem data-driven para a tomada de decisões, com a criação de indicadores de performance e o uso de ferramentas de business intelligence. A digitalização dos processos comerciais e operacionais tornou a Rede Swan mais ágil e competitiva. Fortalecemos também a relação com as comunidades locais, desenvolvendo ações de responsabilidade social e ambiental alinhadas ao valor da sustentabilidade.
Durante a pandemia, superamos desafios que impulsionaram ainda mais a necessidade de adaptação. Esse momento foi marcado por um esforço coletivo de reinvenção da marca e realinhamento estratégico. Com resiliência e inovação, buscamos transformar as dificuldades em oportunidades de crescimento e fortalecimento da conexão com nossos clientes.
Nesse contexto, dois projetos extraordinários reforçaram nosso compromisso com a inovação e a excelência: em setembro de 2021, transformamos o antigo Swan Molinos no Swan Generation; em junho de 2022, inauguramos o Jangal das Araucárias Design Hotel by Swan e Oceanic, que introduziu o conceito de multipropriedade na rede.
Como foi a decisão de empreender no mercado de multipropriedade?
Ingressamos no mercado de multipropriedade como parte da nossa estratégia de inovação e expansão, escolhendo um modelo de negócio que convergia com os valores e proposta dos nossos empreendimentos. Observamos o crescimento desse segmento no Brasil e identificamos uma oportunidade de oferecer experiências diferenciadas aos nossos clientes, alinhadas ao nosso conceito de hospitalidade de alto padrão.
Com a inauguração do Jangal das Araucárias Design Hotel by Swan e Oceanic, em Canela, em junho de 2022, o nosso primeiro empreendimento nesse formato foi um sucesso, com 90% das 1,1 mil cotas vendidas pouco tempo após a abertura.
A parceria estratégica com o Grupo Oceanic, um dos maiores grupos de entretenimento do Brasil, fortaleceu nossa atuação no mercado e marcou a entrada da Oceanic na hospitalidade.
A unidade segue sendo referência no turismo compartilhado, consolidando a missão da Rede Swan de oferecer hospitalidade de alto padrão, alinhada às tendências do setor.
Após duas crises seguidas, pandemia e enchentes no RS, que afetaram o turismo e hotelaria, como foi a retomada da Swan Hotéis?
Na pandemia, a retomada exigiu muita resiliência. Tivemos que reinventar processos, adaptar serviços e fortalecer nossa conexão com o mercado para atravessar um período de incertezas. Aprendemos muito e saímos desse momento com uma operação mais ágil e preparada para adversidades.
Já com as enchentes, o impacto foi não apenas econômico, mas também emocional. Nós, enquanto uma empresa genuinamente gaúcha, enraizada no estado, vivemos de perto a dor da comunidade. Direcionamos nosso apoio primeiro aos nossos colaboradores e hóspedes, garantindo segurança e acolhimento. Depois, concentramos esforços na reconstrução, reforçando nossa presença e buscando soluções para contribuir com a recuperação do setor hoteleiro no estado.
Acreditamos que, em momentos de crise, a hospitalidade vai muito além do serviço: trata-se de acolher, cuidar e fazer parte da transformação. Somos uma rede feita de pessoas para pessoas, com um espírito genuinamente gaúcho, resiliente e comprometido. Seguimos fortalecendo a Swan Hotéis com o propósito de entregar hospitalidade que transforma, inspira e conecta histórias.