Paranoia produtiva: a blindagem invisível dos grandes líderes

* Artigo de Erick Faleiro, Diretor Executivo da Your Vacation

Compartilhe esta matéria!

WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
LinkedIn
Email

Existe um traço silencioso nos líderes que constroem grandes empresas: eles nunca estão 100% confortáveis. Mesmo quando batem a meta, mesmo quando tudo parece estar indo bem. Não é pessimismo, é senso de realidade. É o instinto de quem sabe que o sucesso pode virar uma grande armadilha.

Sendo brutalmente honesto, atuar no mercado de tempo compartilhado não é para amadores, na verdade alguns amadores podem até começar, mas acabam desaparecendo com o tempo.

Mas todos os dias temos guerras a serem vencidas e, por isso, se planejar para o pior ajuda a antecipar desafios e evitar que eles aconteçam ao longo do caminho. 

E, embora a maioria dos líderes espere pelo sucesso, você terá mais chances de vencer se aguardar pelo fracasso. Essa inquietação não é defeito, é virtude.

Quando Andy Grove disse que “só os paranoicos sobrevivem”, ele estava se referindo ao que depois chamou de paranoia produtiva ou construtiva, o hábito de viver um passo à frente.

E no mundo real dos negócios, onde clientes mudam, tecnologias surgem e crises não avisam, só os paranoicos, ou melhor dizendo, os obcecados, continuam no jogo.

Andy Grove foi o arquiteto da transformação da Intel. Sob sua condução, a empresa saiu da zona de conforto como fabricante de chips e se reposicionou como potência mundial em microprocessadores.

Mas sua maior contribuição não foi técnica, foi mental. Ele rompeu o modelo tradicional de gestão e implementou um sistema que hoje é utilizado por empresas do mundo inteiro: os OKRs. Não como moda, mas como método. Um modelo que tirava a estratégia do papel e colocava a equipe para correr na mesma direção.

Grove também foi um defensor incansável do pensamento baseado em fatos, não em achismos. Incentivava o time inteiro a participar, porque entendia que as grandes soluções, muitas vezes, nascem longe da sala da diretoria.

Mas talvez sua filosofia mais impactante seja a que ele mesmo chamava de “paranoia produtiva”: a ideia de que toda empresa precisa operar com os olhos bem abertos, mesmo quando tudo parece estar indo bem. É a consciência de que o sucesso pode criar cegueira. 

E a arrogância, quando entra, mata a evolução silenciosamente.

Ele acreditava que só sobrevive quem planeja o inesperado, quem cria sistemas à prova de sustos. Quem se antecipa, não quem repara. Para Grove, empresas são organismos vivos. E organismos que não mudam, morrem.

Grove, operava sob um princípio claro: o colapso nunca avisa, mas está sempre à espreita. É por isso que os grandes nunca descansam de verdade.

Gestor que relaxa demais desmonta a própria engrenagem. Já vi times brilhantes se tornarem medíocres em meses. Já vi empresas saudáveis ruírem.

Começaram a acreditar que sabiam tudo, que tinham “o método certo”, que o mercado estava dominado. Baixaram a guarda. E, quando perceberam, já estavam brigando por sobrevivência. 

Paranoia produtiva é isso: agir como se o próximo erro pudesse custar caro, porque pode.

Quatro verdades que gestores acomodados ignoram:

  1. Quem não antecipa o pior, não sustenta o melhor – Planeje crises como se fossem certas. Recessão, saída da pessoa-chave, rompimento de fornecedor… E se o pior acontecer, como você vai agir? Se não tiver um plano B pronto, será tarde demais para montar um.
  1. Time sem banco de reservas é time vulnerável – Se só tem uma pessoa que resolve, você está refém. Treine, prepare e capacite novos profissionais. Sucessores claros, gente com fome e cultura de crescimento. Empresa forte não depende de heróis, depende da cultura.
  1. Atalhos destroem mais do que atrasos – Evite contratar rápido só pra “mostrar serviço”, crie um processo de on boarding que projeta a empresa de pessoas que não estarão alinhadas a sua cultura. Evite remendar processos só para parecer ágil. Crescimento sustentável exige firmeza, não improviso.
  1. “Se não está quebrado, quebre mesmo assim” – Não espere falhar para mudar.

Antecipe melhorias, questione o que funciona, atualize o que já dá resultado. Não trate sucesso como zona de conforto, trate como combustível.

Conclusão

Se a sua liderança está muito confortável, talvez você já esteja atrasado. Paranoia produtiva não é medo, é estratégia. É o escudo invisível que separa os que duram dos que só brilham por uma temporada. Liderar é andar armado no campo de batalha, mesmo quando parece que a guerra já acabou.

 

  • Erick Faleiro é autor do The Black Book e Diretor Executivo da Your Vacation, com mais de 13 anos de experiência no mercado imobiliário de tempo compartilhado, liderou 16 operações em diversas localidades do Brasil. 
WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
LinkedIn
Email

Clique para compartilhar!

Deixe sua opinião!