O painel de abertura do 12ª ADIT Invest teve como tema ‘’Expectativas e estratégias do setor financeiro para o mercado imobiliário brasileiro’’, e contou com a participação do superintendente da Caixa Econômica Federal, Alexandre Ribeiro; o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins; a CEO da Captalys, Margot Greenman; o CEO MaxCap Real Estate Investment Advisors, José Paim; e como moderador, Felipe Cavalcante, presidente da ADIT Brasil.
Considerado o principal seminário para investimentos imobiliários e turísticos do país, o ADIT Invest acontece nos dias 21 e 22 de agosto, em São Paulo/SP, e é organizado pela ADIT Brasil (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil).
O presidente da ADIT Brasil, Felipe Cavalcante, iniciou o painel perguntando se os painelistas estavam animados com o momento atual e como enxergavam o futuro do país?
A CEO da empresa gestora de créditos para o mercado imobiliário Captalys, Margot Greenman, afirmou ser uma otimista, mas é necessário ter cautela em relação a situação do país. ‘’Temos que uma visão macro, micro e médio prazo’’, disse. Para ela, a situação em médio e longo prazo é uma incógnita.
Mas em relação ao curto prazo Margot enxerga que a crise está chegando ao fim por um conjunto de fatores: a taxa de juros e a demanda. ‘’A economia está muito deprimida, a taxa de juros está em 7% e o consumidor mudou’’.
Segundo Margot, o mercado imobiliário se beneficia da queda de juros. ‘’Vai começar uma onda de demandas estimuladas pela queda da taxa de juros e falta de projetos’’. A economia deprimida favorece, de acordo com ela, a uma pressão menor sobre o setor.
Crise imobiliária é cíclica
O CEO da MaxCap Real Estate Investment Advisors, José Paim, entende que a crise do país não é estrutural e não vai se resolver em curto e médio prazo. ‘’Real Estate é cíclico no mundo inteiro, já vivencie vários períodos de pressão e euforia’’, disse José Paim, que tem mais de 40 anos atuando no mercado financeiro e imobiliário.
José Paim se recordou de uma crise do setor imobiliário que enfrentou no mercado, em 1983. ‘’Para se vender imóvel em São Paulo se dava um ano de prestações grátis e um Chevette na garagem, mas foi uma crise curta’’.
Para Paim, a crise atual é a pior que já vivenciou, pois está muito persistente, com duração de mais de quatro anos. ‘’Quando achamos que irá melhorar, as vendas diminuem e os distratos aumentam’’.
De acordo com José Paim, a crise veio com o excesso de capital que entrou no setor na última década, graças ao momento favorável da economia. ‘’Houve um fluxo de capital muito acima que o setor suportaria. Isso houve uma expansão de toda o setor’’, disse. ‘’Com o excesso de oferta, com a redução da economia, resultou no momento atual’’.
Paim exemplificou o seu ponto de vista com o que acontece atualmente no interior do país, cidades pequenas contam com muitas incorporadoras desenvolvendo empreendimentos para populações pequenas. ‘’Há uma grande perda de valor’’.
O fim da crise, segundo José Paim, virá quando acontecer o equilíbrio entre o estoque de ofertas e as vendas. ‘’Quando acontecer o equilíbrio haverá novos projetos’’, afirmou. ‘’Vai ser diferente da década passada, não vai ter o mesmo tanto de capital’’.
‘’Esse crescimento vai ser mais devagar e estável, será bom para quem for especialista nas áreas, para quem conhecer o mercado e o nicho’’, afirmou José Paim.
Desconectar da crise política
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, disse ver o problema atualmente de duas maneiras: o momento imediato e o futuro. No imediato, José Carlo Martins afirma que as empresas estão temendo a situação e as pessoas estão com medo de perder o emprego.
De acordo com o presidente da CBIC, o momento futuro é aquele que está na televisão com o momento difícil da política nacional. ‘’Temos que desconectar da política, pois é muita confusão’’, afirmou. ‘’ Nós temos que pensar em como reduzir custos, como simplificar o sistema, poupança, previdência, FGTS’’.
Apesar de afirmar ser necessário trabalhar sem pensar na política, José Carlos Martins disse que a política interfere no setor. ‘’As reformas vão ser aprovadas, política, trabalhista e previdenciária’’, disse. ‘’O político acaba interferindo no setor. O nosso produto é de longo prazo, se não tiver confiança não decola’’.
O superintendente da Caixa Econômica Federal, Alexandre Ribeiro, mostrou a visão da Caixa para o momento atual da econômica brasileira e o mercado imobiliário. ‘’Temos uma visão mais prospectiva do momento que estamos’’.
Segundo Alexandre Ribeiro, a crise já foi pior, e ele lista os fatores e índices que melhoraram nesse ano, para mostrar que a crise está passando ‘’Índice de taxas de juros, desemprego, crédito imobiliário e segurança jurídica’’.
De acordo com Alexandre Ribeiro, a Caixa vem realizando ações para melhorar a crise para o setor imobiliário como: orçamento de R$ 180 bilhões para o setor em 2017; a Caixa participa ativamente dos debates com os players; a Caixa também continua lançando novos produtos.
O painel ‘’Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) e Fundos de Investimentos em Participações (FIP) continuam ser alternativas?’’ debateu esses dois fundos de investimentos como opções para o mercado imobiliário, com participação de Carlos Ferrari, da N, F&A; Felipe Nobre, da Jera Capital; Fábio Vidigal, da CIX Capital; Mário Okazuka Júnior, da Votorantim Asset Management; e o moderador foi Irineu Guimarães, da BLD Brasil.
Segundo os participantes, a indústria de fundos apresenta certas vantagens para o mercado imobiliário, como: muitos ativos, governança mais forte e investidores exigentes. Para eles, os fundos de investimentos trazem segurança para o investidor.
O painel ‘’Oportunidades de investimentos em infraestrutura , PPP’s e Concessões’’, debateu as parcerias entre empresas públicas e privadas, com participação de José Carlos Martins, da CBIC, Gesner Oliveira, da GO Associados, Jorge Arraes, da Elemental Desenvolvimento Imobiliário; e Felipe Cavalcante, da ADIT Brasil, como moderador.
De acordo com os painelistas, as PPP’s muito mais que parcerias são uma necessidade para o Estado, pois o poder público não tem condições de investir em infraestrutura, creches, redes de esgoto, etc. Então, as PPP’s são uma solução para melhorar os serviços públicos.
Porém, os participantes disseram que as empresas devem ter cuidado para não estragar as parceiras, por isso, se faz necessário ter projetos de ética também.
- A Revista Turista Compartilhado é media sponsor do ADIT Invest 2017 e cobre o evento a convite da ADIT Brasil.