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“O Le Canton é um case de sucesso no Brasil”

* Entrevista com Mônica Paixão, CEO do Le Canton

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Mônica Paixão

Com mais de 30 anos de atuação no turismo e hotelaria, e a primeira mulher a ocupar um cargo de gerente-geral em um hotel no Rio de Janeiro, Mônica Paixão lidera a equipe do Le Canton, resort em Teresópolis (RJ), entregando cada vez melhores resultados, além de continuar os investimentos em novas atrações e expansão do empreendimento.

Graduada em Economia e Relações Públicas, com especialização na Escola de Hotelaria de Glion, na Suíça, Mônica está no Le Canton desde 2015, primeiramente como diretora-geral  e recentemente promovida a CEO, antes teve cases de sucesso no Le Méridien, Ipanema Plaza Hotel, e MGallery Santa Teresa Hotel.

Nesta entrevista, ela conta os desafios e oportunidades de assumir a direção do Le Canton, os resultados atingidos, inclusive, com os anos com pandemia, e também como é formatada a Governança Corporativa da empresa, a importância do timeshare e muito mais.

Desde a sua chegada no Le Canton, quais resultados alcançados podem ser destacados, olhando como estava o hotel naquele tempo até hoje?

Cheguei ao Le Canton em dezembro de 2015. Era um grande desafio, pois era um resort que, na época, não entregava lucro. O Le Canton foi construído pelo fundador da Universidade Estácio de Sá (João Uchôa Cavalcanti Netto – 1933-2012), que fez com o coração, o local era a alegria dele, mas o seu negócio principal era
a educação. O empreendimento foi crescendo, mas a conta não fechava.

Na época que cheguei, o fundador já tinha falecido e os sócios do resort eram os herdeiros, dois irmãos, que não eram hoteleiros. Era uma empresa com quase 30 anos, o que é mais um desafio, pois já existia uma cultura enraizada. Vim com muita autonomia, concedida pelos sócios, troquei pessoas e formei uma boa equipe.

A primeira ação foi montar um comercial forte na cidade do Rio de Janeiro, pois o comercial do resort ficava em Teresópolis, o que não fazia o menor sentido, já que os clientes, as empresas e agências estavam no Rio.

Essa equipe que montei oito anos atrás está comigo até hoje. Um dos motivos do sucesso do Le Canton acontece porque consigo manter a equipe motivada, comprometida, competente e agradecida. Tenho um modelo de administração que compartilhamos as metas, os desejos, sucessos, somos um time entrosado e que se respeita.

E começamos a colocar a casa em ordem, com relatórios e organizando a contabilidade. Foi como começar uma empresa do zero e consertando erros do passado. Aos poucos, os rumos começaram a aparecer, com muita força nas vendas e no controle de custos, A partir de 2017, o hotel começou a dar lucro, não era o que queríamos, mas saímos do prejuízo, e fomos melhorando até 2020, com a pandemia.

Mas, hoje em dia, o Le Canton é um case de sucesso no Brasil. A ocupação anual média está em 70%. Nós temos três hotéis, o Village, que é o maior, com 173 apartamentos, o Hotel Fazenda Suíça, que são 34 apartamentos, e o Magique, com 51 unidades, que é um hotel temático e mais lúdico. Então, não abrimos todos hotéis durante a semana, apenas nos finais de semana, feriados e férias, em que alcançamos quase 100% de ocupação nos três. A
minha demanda para os sócios é para expandir a hotelaria, que ganhará mais 24 apartamentos, pois, hoje, recusamos muitas reservas.

Durante a pandemia, os hotéis tiveram uma pausa forçada, mas que aproveitaram para realizar mudanças, tanto operacionais, de gestão e até reformas. O que o Le Canton realizou no período e os resultados dessas mudanças já podem ser sentidos?

Tivemos que ficar quatro meses fechados, naquela incerteza. Quando fechei o hotel em março de 2020, pensei que duraria no máximo um mês. Porém, passou um mês, dois, três, em junho ainda estávamos fechados. Começamos a fazer contas. Aproveitamos todos os incentivos e programas do Governo e tivemos que suspender os contratos de trabalhos, mas foi tudo muito bem organizado. Na época, estávamos com 450 colaboradores, demitimos 150 pessoas, mas fizemos com muita dignidade esse processo, com uma carta que os gestores entregaram pessoalmente na casa de cada colaborador. Tanto que não tivemos nenhum processo
trabalhista.

Reabrimos o hotel no dia 20 de julho, depois de muita negociação na prefeitura. Estávamos com menos funcionários e havia uma demanda reprimida. As pessoas estavam loucas para sair de casa!

Repusemos algumas posições, mas percebemos que estávamos realmente muito inchados. A pandemia foi importante para limpar e colocar a casa em ordem, e depois fizemos contratos para temporários. E a demanda começou a ficar muito forte. Depois com o home office, que as pessoas poderiam trabalhar de qualquer lugar, e queriam ir para lugares arejados, com natureza, não queriam ficar em locais pequenos e fechados.

De lá para cá, já estamos com uma ocupação muito forte, além da parte de eventos que voltou fortalecida, pois as empresas querem locais que ofereçam a parte do evento com opções de atividades ao ar livre e também lazer.

O que muda em sua atuação ao ser promovida para o cargo de CEO do Le Canton?

Como CEO irei me reportar diretamente ao Presidente do Conselho com mais autonomia, já exercia a função de dirigir o hotel antes e agora continuarei a fazer isso, porém, oficializando o organograma com o cargo correto para a minha função nesse time de sucesso. Estou muito feliz com esse reconhecimento e liderar a equipe incrível do Le Canton é uma realização para mim.

O Le Canton é um resort com mais de 30 anos. Qual a participação dos acionistas do Le Canton na gestão do resort? Como é a parte de Governança Corporativa do empreendimento?

Formatamos uma governança corporativa, estudei muito para tirar essa coisa do hotel familiar. Hoje, o Le Canton é uma empresa auditada e trabalhamos como se fosse uma S/A. O Conselho é formado por três pessoas. Cada sócio tem um representante, como eles não moram no Brasil. Mensalmente, apresento os resultados junto a minha equipe sobre as metas atingidas, os desafios, as estratégias e repassamos o orçamento. No dia a dia
tenho muita autonomia, os sócios não interferem na gestão do hotel. Só consegui alcançar os resultados no Le Canton porque tive autonomia e implantamos essa governança corporativa.

Na época da pandemia, criamos um comitê de crise, formado por mim, dois gestores e membros do Conselho. Nos reuníamos todos os dias online, fazíamos e treinávamos para vários cenários. Inclusive, em 2020, durante a pandemia, enquanto a meta era não ter prejuízos, terminamos o ano com um Ebitda de quase R$ 6 milhões.

Como é o planejamento do Le Canton para manutenção, retrofit e investimento em novas atrações? As expansões são feitas com recursos próprios, ou busca-se fundos de investimentos ou bancos?

O retrofit é constante, temos um capex de manutenção. Um hotel se não tiver manutenção se deprecia. O Le Canton está sempre impecável, não parece que o hotel tem 33 anos. Temos R$ 5 milhões para manutenção por ano e há um planejamento de expansão. Quando entrei aqui eram 187 apartamentos, e com a expansão de 24 apartamentos iremos para quase 300, praticamente dobraremos o tamanho do hotel. Além de investirmos
muito em novas atrações, como quadra de beach tennis, bike park, nova pista de esqui indoor, um trenzinho.

A cultura dos sócios é realizar com recursos próprios, avaliamos se o investimento compensa fazer com capital próprio ou um financiamento. Durante a pandemia, pegamos algumas linhas de crédito que já quitamos, não temos dívidas.

Qual a importância do timeshare para o Le Canton? Qual o feedback dos clientes?

Foi um desafio para mim, pois nunca tinha trabalhado com vacation club antes do Le Canton. Estudei muito e mergulhei no modelo de negócio. O vacation quando bem administrado é maravilhoso para o hotel, pois ajuda a suprir a ociosidade de dias de semana, com os próprios cessionários e também com o intercâmbio da RCI. Além de ajudar no caixa, pois há muitas vendas.

Esse capex para novos investimentos, muitas das vezes, vem do timeshare. O nosso vacation vende cerca de R$ 1,5 milhão por mês. Estamos falando em mais de R$ 15 milhões por ano para serem reinvestidos.

Os clientes adoram o vacation, pois o membro Le Canton Vacation Club conta com diferenciais, como locais privativos no resort durante a sua estadia, por exemplo.

O Le Canton Vacation Club foi fundado em 2014 e temos clientes que já estão na segunda fase de renovação de contrato do programa de quatro anos. Antes da pandemia, lançamos um programa de dez anos que hoje representa 30% de nossas vendas.

O timeshare é uma maneira de fidelizar o cliente. Através do CRM, conseguimos conhecer melhor cada membro, o que gosta e o que seus filhos gostam, oferecendo um serviço personalizado.

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