- Fábio Mendonça
O segmento de multipropriedade continua em expansão! Nem a pandemia foi capaz de frear os novos lançamentos de empreendimentos neste modelo de negócio. De acordo com o estudo Cenário do Desenvolvimentos de Multipropriedades no Brasil 2021, desenvolvido pela Caio Calfat Real Estate Consulting, o mercado atingiu um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 28 bilhões e 128 empreendimentos lançados, em construção ou já em operação.
Com o recorte de novos lançamentos entre março de 2020 até março de 2021, este é o quinto ano consecutivo que a Caio Calfat realiza o estudo, que nesta edição teve a participação de número recorde, em comparação aos anos anteriores, de 37 empresas (incorporadoras, comercializadores e administradores de multipropriedades).
Em comparação ao último estudo sobre multipropriedades, o mercado cresceu cerca de 17,36% no VGV Projetado e 17,43% em número total de empreendimentos.
No levantamento de 2020 foi apontado que o segmento tinha atingido cerca de R$ 24 bilhões em VGV e 109 empreendimentos, mas o estudo tem o recorte de antes do período pandêmico, o que gerou uma expectativa maior para o que este novo estudo poderia trazer, confirmando que a Multipropriedade continua forte.
Confira a entrevista com Alexandre Mota, diretor da Caio Calfat Real Estate Consulting, sobre alguns aspectos do estudo sobre multipropriedades deste ano. O estudo completo será lançado durante o evento ADIT Share 2021, seminário organizado pela ADIT Brasil (Associação para Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil), que acontece os dias 23, 24 e 25, no Bourbon Atibaia Resort, em Atibaia/SP.
Por que apesar da pandemia e recessão o segmento de multipropriedade continuou a crescer?
A multipropriedade que tratamos no estudo, que é a de lazer, é uma evolução da segunda residência com os benefícios da economia compartilhada, dessa forma, o modelo cresceu tão rápido. O crescer ao longo da pandemia tem vários olhares de análise, mas centrarei em dois. O primeiro é que tanto empreendedores quanto compradores entendem que a pandemia tem a sua temporalidade, ou pelo menos se desejou que fosse assim, e dessa forma planos de investir e comprar foram realizados, obviamente com mais pé no chão e, de ambos os lados, sabendo que as decisões deveriam ser muito pragmáticas. O segundo ponto é que a pandemia mostrou que o lazer tem lugar de destaque em nossa vida e investir nisso, para as famílias, ganhou nova perspectiva aliadas aos adventos da vida possível fora do escritório e das escolas de forma presencial.
O que mais surpreendeu a Caio Calfat no estudo de 2021?
Não foi exatamente uma surpresa, mas a constatação que o perfil do comprador se diversificou do habitual casal com filhos entre 30/40 anos. Aparentemente, essa ampliação do perfil se alinha a oferta de novos produtos, principalmente aqueles que estão sendo chamados de alto padrão. Ou seja, a curva de aprendizado desse setor deve manter ainda grande fatia nos produtos de massa, mas já consegue vislumbrar nichos para se trabalhar.
O estudo de 2021 conseguiu identificar se houve um aumento significativo nos pedidos de distratos?
As vendas a partir de março foram muito mais conscientes e pragmáticas, como falamos acima. Muita coisa vendida antes de março foi impactada pois pessoas perderam emprego e renda. Mas, por outro lado, a necessidade de vendas de qualidade ao longo da pandemia fez com que comercializadores pensassem em alternativas da usual venda sob pressão, o que fez com que o comprador ao assinar o contrato estivesse muito certo do que estava fazendo. Resta saber, qual será o legado dessa pandemia