Mercado começa a se aquecer novamente após período de paralisação de novos negócios
- Fábio Mendonça
Recentemente foi divulgado o estudo Cenário de Desenvolvimento das Multipropriedades, elaborado pela Caio Calfat Real Estate Consulting, em que mostrou que o segmento cresceu 5,93% no valor do VGV de 2019 para 2020, atingindo R$ 24,1 bilhões, mantendo a curva de crescimento desde que o primeiro material foi publicado em 2017. Porém, a atual pesquisa traz um recorte do mercado antes da pandemia.
Todos já sabemos o que a Covid-19 trouxe para o setor: operações paradas, aumento de distratos, obras paradas, empreendimentos entregues fechados. À primeira vista podia ser desesperador esse cenário, ainda mais analisando que toda a economia mundial e, consequentemente, o turismo devem retrair em 2020.
O próximo estudo da Caio Calfat deverá refletir esse momento. Com certeza a curva de crescimento será bem menor que deste ano e com menos vendas, mas a multipropriedade ainda deverá destoar da maioria dos segmentos econômicos, registrando bons resultados e ótimas perspectivas.
Quando as medidas de lockdown foram implementadas nas cidades brasileiras confesso que projetei cenários bem negativos, que o segmento não iria se recuperar. Mas alguns acontecimentos recentes mudaram muito essa minha percepção e hoje estou muito otimista:
– Com a impossibilidade de vender durante a pandemia, muitos players quebraram paradigmas e se lançaram vendas pela internet de seus produtos;
– o estudo da Caio Calfat mostrou que o mercado está mais maduro, com mais investimentos em pós-vendas e com empreendimentos em operação;
– Há cerca de três semanas, houve um aumento de negociações para novos lançamentos. A Turismo Compartilhado era muito procurada por empresários interessados em lançar projetos e querendo conhecer mais o mercado e players. Essa procura tinha esfriado nos primeiros meses de pandemia, mas nas últimas semanas houve um aumento considerável desta procura, tanto de empreendedores, terrenistas, investidores e até empresas do exterior;
– Algumas empresas anunciaram que irão lançar novos empreendimentos ainda em 2020.
Logicamente que muitos empreendedores que planejavam lançamentos neste ano irão adiar. Mas isso não quer dizer que desistiram de lançar empreendimentos de multipropriedades!
Analisando esse cenário junto ao atual momento do mercado imobiliário e economia brasileira e mundial, a multipropriedade ainda faz total sentido. Para os consumidores, que tiveram suas rendas impactadas pela crise da Covid-19, ter uma propriedade de férias pagando apenas pelo que se usa é uma grande solução.
Falar que a propriedade compartilhada foi criada na crise e cresceu nela já é clichê, mas é uma verdade e indica o futuro desta indústria, pois estamos no meio de uma crise econômica novamente. A explosão recente da multipropriedade no Brasil surgiu da crise imobiliária do final da década passada e com a recessão de 2015 e 2016, quando incorporadores se viram com grande quantidade de estoque parado para vender ou impossibilitados de lançar empreendimentos de segunda residência em destinos turísticos. A multipropriedade foi a solução nestas épocas.
Como em um loop temporal, a história está se repetindo novamente, mas a diferença é que a crise desta vez é muito maior que as anteriores e a multipropriedade está mais amadurecida e com segurança jurídica.
Acredito que nos próximos meses muitos incorporadores que lançaram empreendimentos em destinos turísticos no modelo imobiliário tradicional antes da pandemia começarão a compreender as dificuldades de vender os projetos durante a crise, analisarão novas possibilidades e soluções e, consequentemente, migrarão para o sistema da multipropriedade.
Parafraseando a pandemia da Covid-19, a multipropriedade está prestes a entrar na terceira onda de crescimento!
* Fábio Mendonça é diretor de jornalismo da Turismo Compartilhado