Modelo de férias é muito vantajoso, mas alguns aspectos não são bem compreendidos pelos proprietários
- Fábio Mendonça
Cada vez mais, ano após ano, a multipropriedade imobiária conquista mais pessoas. Não é para menos, é um modelo de férias muito inteligente e vantajoso – economia para viajar e se hospedar em resorts de alto padrão, pagar apenas pelo que utiliza, férias para a vida inteira, ser proprietário de um imóvel com escritura, intercâmbio de férias, entre outras.
Porém, há alguns aspectos que os proprietários não entendem bem na hora que assinam os contratos e mais para frente são surpreendidos, gerando grande insatisfação com as empresas e o modelo de férias. Esses aspectos não são considerados desvantagens, são custos legalmente cobrados e questões na utilização da multipropriedade que não são bem compreendidas. Confira:
Parcelas que cabem no bolso
É verdade que as parcelas são bem mais baixas que a compra de um imóvel integral, mas há correções mensais que os compradores devem estar cientes na hora de adquirir as frações, para não se assustarem com os valores.
Há o reajuste nas prestações pelo INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), quando o empreendimento está sendo construído, e IGP-M (Índice Geral de Preço do Mercado), quando o empreendimento já foi entregue aos proprietários, que são variáveis mês a mês, podendo ser de 0,2% até mais de 1%, dependendo de vários fatores e índices da economia no período.
Taxa de Manutenção
Há uma taxa de manutenção ou condomínio muito necessária para pagar os custos do resort – funcionários, limpeza, manutenção, reformas, etc. Na hora da compra os consultores dizem uma estimativa de valor mensal, que varia de resort para resort. Porém, o condomínio não tem como manter essa taxa fixa, em alguns meses podem vir mais baixas e em outros mais altas.
Um dos pontos mais desconfortável e pesado financeiramente para os proprietários é quando o resort entra em operação e devem começar a pagar a taxa condominial e ainda há algumas parcelas da compra da fração para serem quitadas.
Intercâmbio de Férias
A ideia de poder se hospedar em outros destinos e resorts no Brasil e mundo é fantástica! Mas há custos. Porém, ainda muito mais vantajoso que muitos pacotes de agências online. Além das taxas que as empresas de intercâmbio cobram, há a alimentação que deve ser paga à parte e cada resort tem suas regras sobre isso. Alguns não exigem que para se hospedar através do intercâmbio tenha que adquirir os pacotes de meia pensão ou pensão completa. Porém, outros resorts já colocam essa exigência, deve adquirir o regime de pensão, que pode ser completa, meia e, principalmente, all inclusive. Outra taxa que alguns resorts irão cobrar é de utilização de seus parques aquáticos.
Rentabilizar com a multipropriedade
Não é que seja proibido rentabilizar com suas frações, mas o conceito da multipropriedade é férias e lazer. Mas como o imóvel é seu, você pode alugar se quiser. Se conseguir ter uma boa rentabilidade é ótimo. Porém, as incorporadoras não podem garantir essa rentabilidade. Há uma série de fatores que deve ser levar em consideração ao pensar em rentabilizar alugando a multipropriedade, como preço da diária hoteleira praticado na região, atratividade do destino ou resort, taxa média de ocupação, alta e baixa temporada, dia de semana ou final de semana, se é melhor alugar pelo pool de locação ou por conta própria.
Valorização da Fração imobiliária
O mercado ainda é muito novo para afirmar em valorização do imóvel neste modelo. Depende da oferta e demanda e ainda não há um mercado de revenda de multipropriedade estabelecido. Apesar de que a frações comercializadas pelas próprias incorporadoras terem tido boas valorizações, não sabemos como será na revenda pelos próprios proprietários. Atualmente, quando os proprietários querem se desfazer de suas multipropriedades realizam os distratos com as próprias incorporadores, conseguindo parte do capital investido de volta, de acordo com a Lei do Distrato, Lei 13.786.
Um indicativo, muito ruim por sinal, de como poderá funcionar o mercado de revenda é o exemplo do mercado dos Estados Unidos, em que as frações são revendidas pelos proprietários por valores bem abaixo do que pagaram na compra.
Esses pontos abordados neste artigo não podem ser considerados desvantagens. As taxas mencionadas são legalmente cobradas, tanto pela multipropriedade como pelo mercado imobiliário tradicional. Aliás, normalmente os compradores de imóveis integrais também se surpreendem com as correções em suas prestações. Além de que pensar na multipropriedade como investimento financeiro é um grande equívoco. Colocando todas os números na ponta do lápis, este modelo de férias é um grande investimento em lazer e ainda é mais vantajoso que ter sua casa de férias integral, viajar por agência de turismo ou reservar diretamente no hotel.