Trazendo como os resorts estão se movimentando para acompanhar as novas tendências de consumo, o seminário Imobtur trouxe o painel “O novo momento dos resorts no Brasil”, com participação de Fabiana Leite, diretora de desenvolvimento de negócios para América do Sul da RCI, como moderadora; Maria Carolina Pinheiro, VP de desenvolvimento de novos negócios da Wyndham Hotels & Resorts; Alessandro Cunha, CEO da Aviva; e Lizete Ribeiro, diretora comercial e marketing do Grupo Tauá de Hotéis.
Organizado pela ADIT Brasil (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil), o Imobtur 22 acontece no dia 29/11, na Amcham Business Center, em São Paulo (SP).
“Nós vimos em 2021, no pós-pandemia, uma demanda reprimida pelo turismo. Até o mês de setembro de 2022, o turismo está 36% mais forte do no ano passado, de acordo com dados da Fecomércio. Como está esse momento dos resorts no Brasil?”, questionou Fabiana Leite.
Para Maria Carolina, o mercado acreditava que era uma demanda reprimida, mas não é só isso. “Nossos estão muito melhores que em 2019. O que é interessante é que não era esperado. Mesmo no mercado mexicano acreditava-se que iria modificar. Isso não tem acontecido. Todos resorts da Wyndham no mundo estão crescendo”, afirmou ela. “Teve um aprendizado durante a pandemia e está colaborando para melhorar os resultados dos hotéis. Nosso foco é chegar em novos destinos”.
Lizete contou que os resultados dos quatro resorts do Grupo Tauá em 2021 foram muito alto. “Em 2022, nos pensávamos que iria reduzir, mas isso não aconteceu. Na Black Friday desse ano tivemos 16% a mais que no ano passado. Não é só demanda reprimida. Mas nós preocupamos com a crise e instabilidade do Brasil para 2023”.
De acordo com Alessandro, a Aviva teve recordes em 2021 e terá em 2022. “Aqueles produtos que conseguiram atender as expectativas dos clientes conseguiram ter esse share do mercado”. Para ele, essa recuperação vem com a nova tendência das viagens familiares. ”A recuperação tem a ver com a famílias se reunirem. Acredito que não deve ser momentânea. A gente acessou um novo nicho de clientes que não olhavam para o Brasil”.
Novo perfil de viajante
“Nós percebemos dentro do Brasil que nossos clientes também estão viajando par ao exterior, com números iguais de 2019, mas o nacional também cresceu”, contou Fabiana Leite.
Para Lizete, as pessoas mudaram o perfil de viagem, estão viajando muito mais e estão viajando em família. “65% da média de nossos clientes são repetidos. É bom que eles estão voltando, mas também temos que buscar novos clientes”.
Maria Carolina apresentou estratégias para resorts fidelizarem os clientes hoje. “Não é mais apenas a piscina, falamos muito em experiência. Eu acredito na segmentação, é um resort para família, mas terá um ala vip, uma ala separada, tem que oferecer novas opções de gastronomia, pensar em atividades”, disse ela. “Por exemplo, resorts para adultos, sem crianças. Esse tipo de nicho de segmento pode ser uma tendência”.
Alessandro também concordo com a segmentação de produtos. “O nosso cliente tem uma recorrência muito grande, então, ele espera que tenha experiências diferentes”, afirmou ele. “Em Sauipe estamos segmentando, temos o empreendimento Brisas, estamos trabalhando para elevar a categoria e diária, sentimos que temos essa oportunidade, pois há públicos diferentes que estão dispostas a pagar por isso”.
Lizete contou que o Grupo Tauá está sempre investindo os em novas experiências. “ Iremos abrir seis restaurantes até o final do ano nos nossos quatro resorts. O cliente está cada vez mais exigente”.
Uso misto – propriedade compartilhada x hotelaria tradicional
Alessandro explicou que a Aviva é um case de sucesso com a utilização do modelo de timeshare. Atualmente, o Aviva Vacation Club representa cerca de 50% do faturamento do Rio Quente. “Os resorts de lazer têm uma demanda sazonal, e quando trazemos timeshare ou multiporpriedade otimiza o ativo hoteleiro, não tenho dúvida que ajuda a alavancar a ocupação. Vamos fechar 2022 com 74% de ocupação média no Rio Quente”.
O CEO da Aviva também salientou que os negócios no resort têm que ser complementares, tanto a hotelaria, o timeshare e o parque. Assim, os preços dos produtos devem ser definidos em conjuntos, o parque e hotelaria devem ter tickets médios em que atraiam os clientes certos para comprar o timeshare. “O parque é muito importante, tem uma demanda crescente e traz essa grande opção, o cliente day use. Esse cliente pode virar um lead para a sala de vendas do timeshare e depois vai ter a experiência no resort. E importante ter clareza que são complementares”.
Com o programa de vacation club no Resort desde 2014, Lizete Ribeiro explicou que a primeira questão é entender que é o mesmo cliente, do timeshare e hotelaria. “Para a gente representa pouco ainda. Somando a média, cerca de 20% de ocupação da hotelaria vem do Vip Club. Ajuda muito na sazonalidade. Com o uso misto e timeshare, há uma grande ocupação nos dias de semana”.
Já a Wyndham atua em dois empreendimentos com o modelo de multiprorpiedade, e ainda deverá iniciar a gestão de outros, além de também já ter assinado contratos com resorts que irão implantar o modelo de timeshare.
Os painelistas também indicaram outras tendências que os resorts podem investir para os próximos anos, como sustentabilidade e busca por certificações, valorização da cultura do destino, tanto na arquitetura, pessoas da comunidade trabalhando no empreendimento e gastronomia típica.
