Qual o atual cenário do mercado de multipropriedade no Brasil? Para responder essa e outras questões sobre o exponencial crescimento e particularidades do modelo de negócios foi realizado o painel “Cenário da Multipropriedade no Brasil”, durante o Multipropriedade Summit, seminário realizado pelo canal Turismo Compartilhado, que aconteceu no dia 07/02, em Goiânia (GO), e contou com a participação da CEO da TUDO Consultoria, Adriana Chaud; o sócio da ABL Prime, Mineo Nakamura; o sócio da GAV Resorts, Gílson Gratão; e o diretor de Estratégia e Novos Negócios da WAM Group, Danilo Samezima.
Nem mesmo a pandemia de Covid-19 foi capaz de frear o crescimento do mercado. Prova disso é que no ano passado 128 empreendimentos estavam registrados no Brasil, índice que corresponde a um aumento de aproximadamente 17% em relação a 2020, de acordo com o relatório Cenário de Desenvolvimento de Multipropriedades 2021, realizado pela Caio Calfat Real Consulting.
“Desde 2018, temos um aumento de 24% ao ano, mas com isso também veio a responsabilidade de catequizar a hotelaria”, afirmou a CEO da TUDO Consultoria, Adriana Chaud. Segundo ela, é necessário que a administradora tenha tato ao lidar com o público, no sentido de estabelecer limites com os compradores e, ao mesmo tempo, proporcionar a experiência esperada por eles.
“É ter noção que ao adquirir aquele produto, o novo proprietário vai criar um sentimento de pertencimento. Ele vai opinar nas questões do condomínio, e devemos ouvi-lo. Mas ao mesmo tempo, é preciso que a gente mostre até onde ele pode ir. Fazemos isso quebrando a barreira da hotelaria tradicional”, explicou Adriana.
Durante o painel, os executivos não apenas falaram do crescimento, mas também dos riscos envolvidos no modelo de negócio. Eles mencionaram o “Manifesto pela Multipropriedade”, texto puplicado pela ADIT Brasil (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil), que enfatiza a importância dos parâmetros jurídicos, éticos e de conhecimento da multipropriedade, para lançamentos de empreendimentos neste modelo. Além disso, o texto alerta para os perigos dos chamados “aventureiros”, que seriam pessoas investindo em multipropriedade sem uma noção real de como funciona o negócio.
De acordo com o diretor da ABL Prime, Mineo Nakamura, o futuro da multipropriedade consiste na profissionalização dos negócios. “Façamos um trabalho para que aventureiros não derrubem o conceito da multipropriedade. Em 2009, não existiam leis para esse modelo de investimento. Após a existência jurídica, com a criação da lei, também foi aberto espaço para credibilidade dentro do setor”, ponderou.
O diretor do WAM Group, Danilo Samezima, também aponta para outras questões. “Tudo o que se colocava no mercado, vendia. Agora com o mercado amadurecido, nem tudo. Por isso, o conceito multipropriedade não abre espaço para aventureiros, ou pessoas que são bem-intencionadas, mas mal assessoradas. Não é uma simples incorporação imobiliária ou prestação de serviço condominial. É um mercado muito grande”, reiterou.
Para Danilo, outro ponto é a ameaça da má gestão do projeto. “Com R$ 28 bilhões investidos em VGV [Valor Geral de Vendas], consigo contar na mão os capacitados para fazer a gestão desse tipo de negócio. Olhamos muito para a venda. Essa demanda reprimida jogou uma cortina de fumaça na gestão de recebíveis, que é complexa”, salientou.
Segundo o sócio-diretor da GAV Resorts, Gilson Gratão, essa forma de investimento representa um legado. “É entender todas as partes do processo. Ouvir as dores dos clientes, afinal, o produto é desenvolvido para ele. Outro ponto é que a tendência das empresas é caminhar rumo a uma educação continuada e universidade corporativa”.
Confira fotos do Multipropriedade Summit no Instagram @turismo_compartilhado.