Se você pesquisar o termo Resleisure no Google hoje, provavelmente, só encontrará essa palavra em artigos e textos em que Francisco Costa Neto, ex-CEO da Aviva e managing partner da Beta Advisory, é citado. Mas até algumas semanas atrás não encontraria nada sobre essa palavra. Como o próprio executivo revelou, ao realizar uma pesquisa na plataforma, não foi encontrada nenhuma menção a Resleisure. E assim, Francisco Neto definiu um conceito sobre uma tendência que já estava acontecendo, mas ainda não tinha nome.
Ele explicou o que significa Resleisure, como que surgiu esse nome e o que isso traz de impacto para os segmentos de real estate, turismo, hotelaria e entretenimento, em uma palestra durante o Sindepat Summit 2022, evento organizado pelo Sindepat (Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas), que aconteceu nos dias 23 e 24 de março, no Wish Serrano Resort, em Gramado (RS).
O insight sobre Resleisure veio com a notícia que a Walt Disney estava desenvolvendo uma comunidade planejada em Cotino, na Califórinia. Porém, ao contrário de todo alvoroço que a notícia causou nos mercados de real estate e turismo, Francisco Neto percebeu que não havia nada de inovador naquele projeto da Disney, pois muitos daquelas ideias de Cotino já existiam no Brasil e outros lugares no mundo.
“Tem real estate, lagoa, resort com beach club, entretenimento. Então, é uma comunidade planejada com branding, tem nada de novo”, afirmou o executivo. “O real estate já estava fazendo projetos junto ao entretenimento, mas agora está mais oficializado”.
Segundo o sócio da Beta, o projeto em Cotino, como muitos outros, estão seguindo as tendências que já existiam antes da pandemia e outras que surgiram pós-Covid, de união do real estate com o lazer, o compartilhamento, a tecnologia, o maior contato com a natureza, o home office, a pessoa poder trabalhar em qualquer lugar “Todo mundo conhece esse termo bleasure, que já era uma tendência, que é fazer uma viagem de negócios e aproveitar para ter lazer ou uma viagem de lazer e trabalhar também”.
E muitos projetos de comunidades planejadas já estavam seguindo essas tendências. “Não se sabe se é um resort ou residencial. O que é a primeira ou segunda residência?”, disse Neto. E assim surgiu o Resleisure. “Eu pesquisei esse termo e não havia nada, e escrevi um artigo sobre isso, para definir o conceito sobre uma coisa nova”.
Resleisure no Brasil
Para o ex-CEO da Aviva, projetos com o conceito estratégico de Resleisure têm grandes chances de serem bem-sucedidos no Brasil, pela tendência crescente da economia compartilhada no país, por questões ecológicas, pela descoberta de novos destinos. Porém, ele ressalta que não adianta o local apenas ter uma bela cachoeira ou uma bela paisagem para ter sucesso. “Tem que criar o destino, tem que dar vida a ele”.
De acordo com Neto, o modelo de Resleisure para o Brasil deve conter um residencial, um resort, entretenimento, um beach club ou uma lagoa, gastronomia e fazer projetos compartilhados, como timeshare ou multipropriedade. “E claro, também precisa de storytelling”.
O executivo da Beta enfatizou a importância de que um projeto Resleisure deva ter um negócio compartilhado, como a multiprorpiedade. “A multipropriedade consegue pagar o real estate, consegue fazer o business girar, consegue ser alocada depois e é mais ecológica”.
Neto revelou que no ano passado a Beta desenvolveu um projeto semelhante com o da Disney em Cotino. “Eu não conhecia o nome da cidade, e o projeto tinha uma lagoa, praia, um pequeno resort, uma área de kids, um centro gastronômico. Mas assim cria-se um destino”.
“Nosso foco de inovação é colocar o conceito de Resleisure em vários destinos. Há solução para tudo, mas temos que ser mais criativos que o tradicional. Não acredito que consigamos vender um ingresso, uma diária ou uma cota de qualquer produto, se não tiver conteúdo e entretenimento”, concluiu Francisco Neto.