Sempre muito aconselhada por especialistas, com a crise da Covid-19, a mudança profissional se tornou praticamente obrigatória. Léo Mizoe, do GR Group, e Diogo Ferreira da UniWAM, explicam os caminhos para essa renovação
- Maria Laura Saraiva
De uma semana para a outra as lojas fecharam, os escritórios foram parar dentro de casa e a dinâmica do trabalho teve que mudar. No meio de tantas incertezas, muitas empresas e profissionais refletem sobre os seus papéis e concluem que precisam passar por uma reinvenção. A palavra pode parecer desafiadora, mas é “necessária e inevitável”, segundo os especialistas, principalmente quando consideramos o avanço da tecnologia e nossa realidade nos dias de hoje.
A reinvenção é uma competência básica para o diretor de planejamento estratégico & RH do GR Group, Léo Mizoe. “O mundo já é o que chamamos de VUCA: volátil, incerto, complexo e ambíguo, desde 1998. Todos os profissionais já deveriam ter competências para lidar com esse mundo”. Segundo o executivo, os trabalhos operacionais e rotineiros tendem a serem substituídos por tecnologias mais avançadas e cada vez mais surgirão funções que exijam criatividade e inovação.
Já na visão de Diogo Ferreira, diretor executivo da UniWAM, a reinvenção profissional pode parecer um clichê, mas é praticamente indispensável para a maioria das áreas e profissões, principalmente com as mudanças decorrentes da pandemia. “Não se trata apenas se adaptar às novidades, mas, também, de buscar um aperfeiçoamento constante na carreira. Se renovar é uma experiência que engrandece o nosso espírito profissional. Saber que existem milhares de profissionais dentro de um mesmo é extremamente gratificante”, ressalta.
O diretor da UniWAM chama a atenção para a importância de buscar mais conhecimento, seja com uma nova graduação ou com pequenos cursos que sirvam de estímulo para a curiosidade. “Não tem como falar de evolução e não pensar em estudos. Seu desafio profissional certamente passará por uma reciclagem de conhecimentos”.
Renovação do comportamento
Para quem busca se iniciar nessa jornada de renovação, a dica de Léo Mizoe é se autoconhecer e se especializar. Isto é, identificar os pontos fortes e os pontos que ainda podem ser melhorados. “Não foque muito nas suas fraquezas, é muito mais fácil você desenvolver e aprimorar suas qualidades”, alerta Mizoe.
Em seguida, é aconselhado que se busque conhecer mais sobre as tendências de comportamento profissional, como a adaptabilidade e a visão. “Se você seguir os passos anteriores, automaticamente estará se reinventando profissionalmente, tanto na área comportamental, como nas competências e técnicas. Mas claro que não pode abrir mão do seu propósito de vida na hora de se reinventar”, afirma o diretor do GR Group.
A empatia com as necessidades e os sentimentos dos clientes é uma das ações que Léo Mizoe julga de maior importância no cenário atual, com a pandemia forçando a reinvenção de muitos profissionais. “Com todos esses entendimentos dos clientes e do novo cenário macroeconômico, os colaboradores podem e devem participar do planejamento estratégico da empresa”, diz ele.
Deixe o passado para trás e foque no futuro
Diogo Ferreira aconselha se desapegar do passado – este, que funcionava maravilhosamente bem até anteontem, mas não resolve mais. Embora para ele o tempo para a mudança seja algo individual, a possibilidade deve ser sempre questionada. “Claro que é difícil lidar com mudanças, que leva tempo — e o timing para se adaptar às mudanças depende de muitos fatores. Mas será que já não é hora de começar a encarar a possibilidade de mudança?”, analisa.
O turismo é um dos segmentos que a pandemia do coronavírus convida a todos a se questionarem sobre a dinâmica de trabalho e, claro, a reinvenção. Entender como será o cenário e as demandas que surgirão no futuro são consideradas habilidades importantes para o especialista, além do espírito de coletividade: “faça parceria com outras agências menores ou maiores e tente ao máximo reinventar destinos, localidades e o formato de vendas. A parceria e a junção com outros ramos de atividade farão que todos tenham fôlego para passar este momento”, aconselha. “É hora de ouvir. Desapegue do “antes” e se teste no novo. Pode parecer óbvio, mas esse primeiro passo é o que faz a gente sair da zona de (des)conforto”, finaliza Diogo Ferreira.
Palavras-chaves para a reinvenção profissional
– Adaptação
– Aperfeiçoamento
– Criatividade
– Busca por conhecimento
– Autoconhecimento
– Propósito
– Entender o cliente
– Desapegue do passado