“O arquiteto cria o cenário onde as pessoas vivem o teatro da vida” (Paul Friedberg)
Vamos conversar sobre viver a vida? “A vida é um teatro”; ou “a arte imita a vida”; quem já não ouviu essas frases?
A vida é realmente um teatro, mas sem ensaios, muitas vezes sem roteiro e nós somos os atores, com diversos papéis atuando muitas vezes em várias histórias ao mesmo tempo; às vezes um drama, outras uma comédia.
Mas o que isso tem a ver com nosso tema Arquitetura? Tudo! Como diz a famosa frase do arquiteto Paul Friedberg, é o arquiteto o responsável por criar esse cenário. E tamanha a responsabilidade entregue nas mãos desse profissional.
Esse profissional tem um papel fundamental em moldar o ambiente em que as pessoas vivem. Os espaços que nós projetamos influenciam diretamente a maneira como as pessoas interagem e vivenciam a vida cotidiana, assim, a arquitetura pode ser vista como um palco onde as histórias da vida real se desenrolam.
Um termo que vem sendo muito utilizado no nosso meio, é “atmosfera arquitetônica”, ou seja, esse meio criado de forma proposital, para gerar uma determinada experiência ou sensações específicas. É dentro dessa atmosfera que os momentos marcantes são registrados ao longo de nossas vidas.
E como isso está ligado ao nosso mercado de turismo? É geralmente durante os períodos de descanso, férias ou momentos de lazer que temos registrado em nossa memória as experiências mais marcantes de nossas vidas, ou seja, o teatro que vivemos, e vamos recordar futuramente.
Por isso é tão importante o planejamento de um empreendimento turístico, que cada espaço tenha uma atmosfera marcante, seja um cenário pensado em cada experiência que pode ser vivenciada pelas pessoas, porque essas experiências serão registradas e guardadas por muito tempo. É comum alguns empreendimentos em que recebem clientes recorrentes, muitos casais que passaram a lua de mel, guardam essas recordações e revivem esses momentos todos os anos seguintes quando voltam ao mesmo cenário; o tempo não volta, mas revivem a lembrança.
Já falamos em artigos anteriores sobre algumas ferramentas, de como explorar os cinco sentidos humanos no paisagismo, criando uma experiência sensorial, a biofilia e o design biofílico, levando a natureza para dentro dos ambientes construídos e mimetizando a natureza em elementos não naturais, mas que remetam e ela, o enquadramento de paisagens e explorar os espetáculos da natureza com o nascer e o pôr do sol, e assim por diante.
O importante é aplicar de forma intencional todas essas ferramentas, desde a concepção do projeto, e mantê-las ao longo da operação, garantindo que essa atmosfera arquitetônica gere experiências, para que o teatro da vida possa ter sempre o melhor cenário para registrar suas histórias.
* Milton Filho é arquiteto e urbanista, sócio da MFDC Arquitetura & Design, Professor do MBA da FAG no curso de Archidesign no mercado de luxo, com ampla experiência em arquitetura e construção civil, possui MBA em gestão de projetos pela FGV, e no segmento de turismo atuou por seis anos na AVIVA como coordenador de projetos, gerenciando o portfólio de projetos da empresa.
