Em edições anteriores, conversamos sobre master plan, mix-use, design biofílico, produtos compartilhados, entre outros temas. Todos eles extremamente relevantes para o sucesso dos empreendimentos de entretenimento e hospitalidade.
Hoje, vamos conversar sobre a relação da arquitetura com a produtividade e eficiência nesses empreendimentos. O arquiteto além de ser um guardião da estética, da composição dos elementos, das cores, e do conforto térmico dos ambientes, ou seja, garantir a beleza e bem-estar para os usuários. Ele também é responsável por desenvolver um projeto que atenda o dia a dia da operação, estudando fluxos de pessoas, materiais, produtos, prestadores de serviços, distancia percorrida por cada funcionário, etc.
Entregar um projeto com uma solução estética inovadora, que agregue valor ao investidor, desperte o desejo dos futuros compradores e que fique dentro de um orçamento financeiramente viável que garanta um excelente ROI (retorno sobre investimento) aos empresários não é tarefa fácil, mas esse projeto precisa garantir uma visão operacional eficiente, que vai além das atribuições padrão da arquitetura. É necessário conhecimento e vivência operacional, muita discussão com a equipe do projeto, estressar ao máximo as oportunidades para entregar um empreendimento que, além de garantir a viabilidade financeira inicial, garanta a viabilidade recorrente, ou seja, a longo prazo.
Alguns pontos de atenção que podemos destacar:
Experiência gastronômica
Anteriormente denominado Alimentos e Bebidas ou apenas A&B, tinha como responsabilidade servir o café da manhã, almoço e jantar. Para ser competitivo no mercado é necessário oferecer uma experiência gastronômica aos clientes, que aliado ao entretenimento, não fique limitado apenas ao ambiente fechado do restaurante. Aliás, o restaurante deve ser multiuso e flexível para se transformar de diversas maneiras e oferecer diversas experiências. Como por exemplo, em uma noite ser um restaurante asiático e em outra se transformar em gastro pub.
Como as experiências vão muito além do ambiente fechado, oferecer um jantar na piscina ou na praia, com toda uma decoração e ambientação única.
Agora vem a parte invisível do projeto, porque ela precisa existir, o cliente não pode vê-la ou percebê-la, e se errar, compromete toda a experiência, e produtividade do evento.
A cozinha precisa estar por perto, o fluxo de entrada de materiais, entrega dos alimentos prontos, conservação da sua temperatura, o lixo com suas saídas específicas, armazenamento, etc.
Governança, enxovais e limpeza:
Este é outro gargalo dentro de um empreendimento de hotelaria. É necessário ter controle, reduzir ao máximo as percas dentro do processo e, principalmente, reduzir o tempo que cada colaborador leva para realizar determinada tarefa.
A cada quantos apartamentos temos um apoio, para que reduza as distâncias percorridas; a escolha dos materiais de revestimentos, ou seja, quanto menos rejunte, quanto mais lisa é a superfície, menor o tempo de limpeza, menor o custo operacional e menor o custo de manutenção.
Esses são alguns dos muitos pontos de atenção que envolvem um projeto de um empreendimento de entretenimento e hospitalidade. Detalhes invisíveis, que aparecem em destaque nos números de resultado da empresa.
Por isso, tamanha a importância, relevância e impacto que o projeto de arquitetura tem na eficiência e produtividade do empreendimento, assim sendo necessário um arquiteto com experiência e vivência operacional.
* Milton Filho é arquiteto e urbanista, sócio da MFDC Arquitetura & Design, Professor do MBA da FAG no curso de Archidesign no mercado de luxo, com ampla experiência em arquitetura e construção civil, possui MBA em gestão de projetos pela FGV, e no segmento de turismo atuou por seis anos na AVIVA como coordenador de projetos, gerenciando o portfólio de projetos da empresa.