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A importância da hospitalidade para o desenvolvimento imobiliário

Setor se consolida em empreendimentos de uso misto e contribui para aumentar o valor agregado

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Vivant Eco Beach, na Península de Maraú, empreendimento da VCA, com gestão da Livá

O conceito de hospitalidade tem transcendido os limites tradicionais da hotelaria, consolidando-se como um elemento central e em um diferencial essencial no mercado imobiliário e turístico. Originalmente associada ao setor hoteleiro, essa prática vem se expandindo em projetos que incluem residenciais, condomínios-resorts, empreendimentos de multipropriedade e até shopping centers.

Na opinião de especialistas nesses mercados, o conceito evoluiu para atender a consumidores que buscam não apenas funcionalidade, mas experiências mais ricas, ligadas a questões emocionais e conectadas a novos estilos de vida. Para eles, a hospitalidade se reinventa ao integrar tecnologia, sustentabilidade e personalização.

“Antigamente, o mercado imobiliário era muito segmentado, mas com pouca atenção à experiência do usuário. Hoje, a hospitalidade permeia todas as etapas desde a concepção do projeto até a entrega do empreendimento. É um conceito transversal que atende às expectativas de um público mais exigente e, assim, contribuiu para aumentar o valor agregado dos empreendimentos “, explica Rafael Delgado, Diretor de Operações e Implantações da Livá Hotéis & Resorts.

Segundo ele, a hospitalidade deixou de ser exclusividade de hotéis e passou a integrar a arquitetura e o design de condomínios residenciais e comerciais. “Você começa a pensar na jornada do cliente desde a planta. Questões como o fluxo dentro do imóvel, espaços de convivência e até facilidades como a oferta de áreas cobertas em resorts horizontais são definidas no início do projeto para garantir uma experiência agradável lá na frente”, detalha.

Diretores da Livá: Rafael Delgado, head de Implantações e Operações, e João Cazeiro, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios

“Piscinas e quadras de tênis já não são diferenciais. O desafio atual é criar momentos que facilitem o dia a dia e fiquem na memória do cliente, desde o desenho da planta até o uso cotidiano dos espaços”, completa João Cazeiro, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Atrio Hotel Management. Ele acrescenta que a redução do tamanho das famílias e a busca por praticidade também mudaram o conceito de moradia. “Hoje, pequenos apartamentos com áreas comuns bem planejadas oferecem conforto e uma sensação de comunidade”, diz.

Além disso, os empreendimentos de uso misto, que combinam moradia, comércio e lazer, são cada vez mais atrativos para investidores. Segundo Cazeiro, eles oferecem múltiplas fontes de receita, enquanto garantem funcionalidade e conveniência aos moradores. A integração da hospitalidade nesses projetos é uma das principais mudanças do setor.

Jardel Couto, CEO da VCA Construtora, observa que o comportamento do consumidor foi profundamente influenciado pela pandemia, levando à valorização de espaços que conciliam trabalho, lazer e momentos de desconexão. “As pessoas passaram a demandar ambientes que impressionam e atendem às suas necessidades”, reflete. Essa demanda estimulou o desenvolvimento de apartamentos compactos com serviços compartilhados, como cozinhas gourmet, minimercados e lavanderias coletivas que já são diferenciais nos residenciais planejados e executados pela VCA na Bahia.

Por outro lado, os condomínios maiores e desenvolvidos para a moradia em estilo resort, com grande oferta de áreas de lazer, também têm o conceito de hospitalidade atrelado ao modelo de negócios. “Os prestadores de serviço têm treinamento com foco em hospitalidade e seu comportamento se assemelha muito aos mais ao de colaboradores de hotéis do que de um condomínio convencional”, diz Delgado, lembrando que o conceito também é observado fora do escopo do desenvolvimento imobiliário residencial. “Hoje, os shoppings centers ofertam experiências de hospitalidade com a inclusão de espaço pet, áreas para convivência familiar, estruturas para mães que estão amamentando ou para pais com crianças pequenas”, pontua o executivo.

Jardel Couto, CEO da VCA

Para ele, o futuro da hospitalidade no setor imobiliário passa por duas tendências principais: o foco em nichos específicos e a valorização de experiências sensoriais e contemplativas. “Projetos voltados para amantes de vinho, surfistas ou turismo religioso mostram que há espaço para inovação e segmentação. Além disso, momentos de desconexão, como contemplar a natureza ou brincar com os filhos, estão se tornando cada vez mais desejados em um mundo hiperconectado”, conclui.

Essa visão é confirmada por Caio Calfat, fundador e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting, vice-presidente de Assuntos Turístico-Imobiliários do SECOVI-SP e presidente da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT). O executivo identifica o crescimento de modelos como a multipropriedade: “ela combina lazer e experiências únicas, atendendo a públicos diversos, de famílias a aventureiros em busca de nichos como observação de pássaros ou esportes radicais”, explica o expert em multipropriedade e no mercado turístico-imobiliário, reforçando que, “de um lado há consumidores mais informados e exigentes, de outro há incorporadores atentos à evolução do mercado e investidores em busca de mais retorno que já perceberam o valor da hospitalidade e seu papel como pilar estratégico no desenvolvimento imobiliário dos próximos anos”.

Hospitalidade assistida pela tecnologia

Caio Calfat

A tecnologia e a sustentabilidade são motores de inovação no setor. Inovações como inteligência artificial, portarias digitais e integração com assistentes virtuais permitem mapear preferências e oferecer experiências customizadas. Rafael Delgado e João Cazeiro também enxergam potencial em inovações como reconhecimento facial e aplicativos de serviços, que tornam a operação mais eficiente.

Jardel Couto vê a tecnologia como uma aliada indispensável para equilibrar agilidade e personalização. “Um concierge digital pode realizar o primeiro atendimento, mas a experiência completa vem do toque humano. O futuro é sem chaves e sem barreiras, mas sem perder o elemento humano”, defende.

A importância da humanização é unânime entre os especialistas consultados. “Esse fator é o verdadeiro diferencial na aquisição do produto imobiliário, pois vai além do metro quadrado e incrementa o valor da experiência”, diz Couto. É por acreditar nos prestadores de serviços como diferenciais competitivos que a VCA investe na gestão de condomínios, oferecendo desde o serviço de jardinagem, recepção de mercadorias por profissionais qualificados para hóspedes ou moradores.

“A portaria de um empreendimento imobiliário era algo que parecia que não mudaria nunca. Estamos trazendo vários serviços para nossos produtos de praia, com destaque para o time de concierge formado por colaboradores nativos, porque entendemos que existe um valor intangível. O público que quer conhecer o restaurante badalado mas também quer comer no estabelecimento de dona Maria, que tem uma boa moqueca feita com o peixe pescado no dia”, detalha Couto.

No campo da sustentabilidade, Caio Calfat destaca as biofazendas, empreendimentos que integram práticas ecológicas e estilos de vida saudáveis. “O público valoriza projetos que conciliam lazer e respeito ao meio ambiente. Esse é o futuro da hospitalidade.”

Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios como a escassez de mão de obra qualificada e a instabilidade jurídica no Brasil. Calfat defende a retomada de programas de capacitação, enquanto Cazeiro ressalta a necessidade de planejamento estratégico para garantir viabilidade operacional e atender ao perfil do público.

Jardel Couto destaca ainda o potencial do interior do Brasil como mercado promissor. “As grandes marcas estão enxergando o interior como uma oportunidade. Soluções inovadoras, comuns em grandes centros, podem ser adaptadas para essas regiões sem perder relevância”, diz.

A hospitalidade, em sua essência, é sobre criar conexões e memórias. Seja em empreendimentos turísticos no Nordeste, como os planejados pela VCA, ou em projetos que exploram nichos específicos, como turismo religioso e contemplativo, a hospitalidade se consolida como uma força transformadora. Delgado conclui: “Não é apenas sobre o que o cliente vê, mas sobre como ele se sente ao interagir com o espaço e os serviços.”

Combinando personalização, tecnologia e sustentabilidade, o setor se transforma para atender a um público mais conectado e exigente. A hospitalidade moderna não é apenas acolhimento; é a arte de criar memórias e moldar o futuro.

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