- Entrevista com Franceen Gonzales, da WhiteWater West
Desenvolver parques aquáticos requerem muito planejamento, principalmente, em relação a selecionar as atrações, pois envolvem custos, qualidade, segurança, tecnologia, diversão e, às vezes, deve ser radical. Parcerias com fornecedores de atrações especializados são importantes para atingir os objetivos.
A empresa canadense WhiteWater West é uma das principais fornecedoras de atrações para parques aquáticos no mundo, com clientes espalhados por vários países. No Brasil desde a década de 1990 e contando com escritório em São Paulo, entre os clientes da empresa no país destacam-se, Thermas dos Laranjais, em Olímpia/SP, Hot Park, em Rio Quente/GO, e Beach Park, Aquiraz/CE. Nessa entrevista, a vice-presidente da empresa, Franceen Gonzales, fala sobre o desenvolvimento das atrações de parques aquáticos, na parte de diversão, tecnologia e diversão, como a empresa desenvolve suas atrações e a visão sobre o mercado brasileiro.
Na WhiteWater West desde 2013, Franceen possui quase 30 anos de experiência na indústria de parques aquáticos e entretenimento, com passagens por vários parques aquáticos no Estados Unidos, em vários funções e cargos, iniciando a carreira aos 14 anos limpando pisicnas, para depois ser salva-vidas até chegar a vice-presidente.
Como enxerga a evolução de parques aquáticos durante sua carreira?
Há 20 – 25 anos não haviam tantos parques aquáticos quanto os que estão operando hoje. Esses tipos de destinos estavam em seus estágios iniciais e tinham atrações e piscinas tradicionais, talvez um recurso infantil como escorregadores de sapo ou baleia. Escorregadores de concreto transformaram-se em escorregadores de fibra de vidro, piscinas fundas tornaram-se mais rasas para atrair mais visitantes e piscinas tradicionais agora tinham atividades. O parque aquático tornou-se um destino familiar onde poderia se passar o dia.
Não há lugar melhor que exemplifique isso do que o Wisconsin Dells com seus 18 parques aquáticos. Em um ambiente tão competitivo, cada parque precisava atrair novos visitantes e, assim, novas tecnologias permitiam novas experiências. As atrações precisavam ter recursos exclusivos que fossem maiores, mais rápidos, mais altos. Estruturas multi-nível começaram pequenas e com o advento do baldão d’água, tornaram-se maiores.
Toboáguas com iluminação se tornaram atrações interessantes. Esses tipos de atrações com iluminação foram os precursores das atrações de gamificação. A primeira empresa a gamificar uma atraçõa foi a WhiteWater, que criou o Slideboarding, um toboágua com videogame. Os pilotos ganham pontos ao longo do caminho do toboágua, pressionando botões que combinam com as cores nos displays eletrônicos. Uma vez que o descida é finalizada, os pontos são mostrados, dessa forma as pessoas querem superar sua pontuação anterior. Esportificação é outra grande tendência na indústria. Um ótimo exemplo é a nosso simulador de surf, com mais de 200 instalações em todo o mundo.
Como que a empresa desenvolve as atrações? Quem são as pessoas responsáveis por isso?
Temos mais de 600 funcionários, entre eles, 100 são engenheiros, além de uma equipe muito talentosa e artística de arquitetos e designers, para desenvolver novos projetos, de acordo com padrões exatos de segurança e qualidade. Também desenvolvemos o Smart Start, um sistema de controle especializado para toboáguas que garante que o peso no veículo e o fluxo estejam corretos e o caminho esteja livre antes que o atendente possa lançar o veículo. Desenvolvimentos de sistemas de seguranças são tão importantes quanto novas atrações.
Com o aumento de atrações radicais, segurança é uma prioridade. Como a WhiteWater desenvolve essa parte? Como os projetos são testados?
Segurança, qualidade e garantia de que uma atração funcione antes de construí-la são fundamentais para a WhiteWater. Desenvolvemos um software de simulação que é utilizado para todos os nossos projetos, que usa algoritmos baseados em milhares de pontos de dados de nossas muitas instalações. Usamos essas simulações para testar os projetos virtualmente com a quantidade de usuários esperados na atração, o que nos diz se funcionará com a quantidade certa de água e veículos totalmente carregados.
Uma vez que uma atração é simulada e sabemos que funciona, então é projetada para atender a topografia do local. É fabricada em nossas instalações com materiais de mais alta qualidade. Nossos técnicos vão ao local para garantir que a atração seja construída de acordo com nossos padrões. Através de testes e medições completas de desempenho, a atração é certificado para abertura ao público. Também treinamos a equipe para operaração e manutenção.
Qual avaliação faz do mercado de parques aquáticos no Brasil?
Há um aumento em resorts familiares e em desenvolvimento de empreendimentos de propriedade compartilhada que são, em muitos casos, ancorados por parques aquáticos. Há um desafio com o programa de tarifas no Brasil para importação de atrações de outros países. Temos sido capazes de trabalhar com nossos clientes para apresentar a documentação necessária, mostrando que essas atrações icônicas não podem ser adquiridos dentro do país, portanto, buscando alívio das tarifas. O Sindepat vem trabalhando com a IAAPA e outras organizações para que a indústria de parques e entretenimento possa crescer. Nós percebemos, como resultado das tarifas, que alguns parques compram cópias de atrações ou simplesmente constrõem suas próprias para evitar o custo. Nos preocupamos com a segurança e qualidade dessas atrações e esperamos que os desenvolvedores de parques considerem esse risco.