Executivos pontuaram meios de gerir com excelência empreendimentos nessa modalidade de negócio
Com um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 22,3 bilhões atingidos em 2019 e 92 empreendimentos já lançados ou em operação, segundo estudo da Caio Calfat o segmento de multipropriedade desperta interesse e curiosidade de empreendedores, investidores e consumidores. Mas, por ainda ser um mercado novo, ainda há muito o que evoluir. Para debater sobre ética e gestão eficiente para este setor, a ADIT Brasil organizou, durante o ADIT Invest, que acontece em 06/08, em São Paulo, o painel ‘’Boas práticas para a multipropriedade: índices e indícios de uma boa administração hoteleira’’, com participação do diretor de desenvolvimento de negócio para América do Sul da Wyndham Hotel & Resorts, Armando Ramirez, o CEO da Aviva, Francisco Costa Neto, o diretor executivo do GR Group, Gustavo Rezende, o sócio-diretor da Hotel Invest, Diogo Canteras, como moderador.
O ADIT Invest é um seminário sobre Investimentos Imobiliários e Turísticos direcionado aos executivos de construtoras, incorporadoras, loteadoras, fundos de investimentos e private equity, instituições financeiras, redes hoteleiras, proprietários de terrenos, consultorias, escritórios de arquitetura, buscando geração de negócios, networking e troca de conhecimento entre esses players.
Diego Canteras disse que o objetivo do painel é para ser um ‘’aperitivo’’ do que terá no Manual de Boas Práticas de Multipropriedade, em 27/08, no Secovi/SP, em São Paulo.
De acordo com o diretor executivo do GR Group, Gustavo Rezende, que possui empreendimentos em Olímpia, Barretos, Gramado e Rio Quente, o modelo de vendas que era praticado antigamente, em que se prometia rentabilidade, atrapalha a gestão dos empreendimentos. ‘’A grande parte dos empreendimentos de multipropriedade foram vendidas erradamente como rentabilidade. Nós também fizemos isso. Mas corrigimos. Isso é algo que todos devem estar monitorando para vender lazer e férias. Depois tem um impacto muito negativo na operação’’.
A Aviva se prepara para iniciar em breve a gestão de seu primeiro empreendimento de fractional, o InCasa Residence Club. Francisco Neto comentou como deve ser a gestão do complexo mixed use, com resort, parque aquático e fractional. ‘’Temos que aumentar o índice de satisfação dos clientes e a tecnologia. Todos clientes do modelo mixed use podem conviver bem’’.
Armando Ramizez, da Wyndham Hotels & Resorts, empresa norte-americana com mais de nove mil empreendimentos hoteleiros no mundo, maior franqueadora de hotéis no mundo, explicou o motivo da Wyndham iniciar a sua expansão no Brasil em um projeto de multipropriedade. De acordo com ele, era inevitável a empresa fazer isso pela experiência de seus principais diretores no mercado de propriedade compartilhada, além de encontrar os melhores parceiros. ‘’Tivemos os parceiros certos, o GR Group e a Gramado Parks’’.
De acordo com o diretor da Wyndham, a administradora hoteleira pode ajudar inclusive no desenvolvimento do produto, pois tem uma visão mais hoteleira do negócio, conhecendo sobre o que a hotelaria precisa e os desejos dos clientes ao se hospedarem no empreendimento. ‘’A multipropriedade é um produto em evolução. A tendência é melhorar’’.
Gustavo Rezende disse que há cinco anos nenhuma empresa internacional olhava para a multipropriedade. ‘’Tivemos que montar nossa própria operadora hoteleira’’. O diretor do GR Group falou sobre a importância da parceria com a Wyndham, a partir da entrega do empreendimento Gramado Termas Resort. ‘’Tirou de nós um aspecto que não era nossa expertise. Hoje podemos focar mais em partes estratégicas’’.
Multipropriedade e entretenimento
O CEO da Aviva, empresa de hotelaria e entretenimento detentora do Rio Quente e Costa do Sauípe, explicou que a proposta de entretenimento total da Aviva é independente do ‘’hardware’’ (estrutura física da empresa), sendo um investimento em software (os serviços e diversão). ‘’Ficar discutindo o tamanho do parque e apartamento não interessa. Ninguém vai voltar ao seu resort por causa que o serviço é excelente nem se o parque é ótimo, mas pelo entretenimento’’
Neto contou que nas reuniões com acionistas da Aviva a discussão mais importante é o investimento em entretenimento, não em estrutura física nem no operacional. ‘’Por que nós estamos aqui? Para fazermos famílias felizes’’.
Para o CEO da Aviva, o investimento em entretenimento nunca acaba. Ele revelou que a Aviva estuda criar KPI’s para medir o retorno com esses investimentos. ‘’Isso pode dar um norte. Temos que ter outros KPI’s para as experiências dos clientes, de quanto estamos entregando desse intangível’’.
O GR Group também possui um posicionamento de entretenimento muito forte, atuando com resorts e parque aquático. Gustavo Rezende disse que os grupos hoteleiros devem buscar diferenciais para fidelizar os clientes. ‘’Os parques, uns mais e outros menos, têm os mesmos brinquedos e atrações, o diferencial pode ser o entretenimento. Por que o cliente irá voltar? Nós investimos em nosso parque em Barretos na tematização country e em um Ice Bar. É um trabalho árduo, intelectual e de feeling’’, falou.
- A Revista Turismo Compartilhado cobre o ADIT Invest 2019 a convite da ADIT Brasil.