Especialista em gestão e governança corporativa Marcelo Camorim mostra que a má gestão pode comprometer um bom negócio e dá dicas de como empreendedores, desde os pequenos aos grandes, podem identificar e interromper essa situação para voltar a prosperar
Uma das principais companhias aéreas que operam no Brasil, a Avianca enfrenta nestes dias o período mais turbulento da sua história recente, desde que entrou com pedido de recuperação judicial, em dezembro passado. Sem condições de pagar os credores, a empresa está sendo obrigada a devolver parte dos aviões de sua frota, causando inclusive o cancelamento de voos.
Mesmo em um mercado em ascensão e sendo um bom negócio, ela passa por uma grande crise por problemas de gestão. O caso vem ganhando os holofotes da mídia, mas no dia a dia muitas empresas no Brasil, em uma rotina mais discreta, também passam pelos mesmos problemas.
Para se ter uma ideia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 341,6 mil empresas fecharam suas portas no período de 2013 a 2016; e de acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), de cada 4 empresas abertas, 1 fecha antes de completar 2 anos de existência no mercado.
Para o consultor em administração e governança corporativa Marcelo Camorim, diretor da Fox Partners, a maioria dos empreendimentos que estão passando por dificuldades, e até estão em recuperação judicial, não são maus negócios, mas sim negócios mal geridos.
“A má gestão é um problema que atinge empresas de todos os tamanhos, do pequeno ao grande negócio, e pode ser corrigido antes mesmo de se entrar em uma situação crítica como a recuperação judicial”, diz o consultor de negócios, que possui 30 anos de expertise em governança corporativa.
Camorim considera que o que separa a prosperidade do ostracismo é a visão correta do mercado. Os empreendedores precisam conhecer com exatidão o setor onde atuam para conseguir enxergar claramente os passos que precisam ser dados para gerar resultados satisfatórios com o menor grau de endividamento possível. “É algo fundamental e aparentemente simples, mas exige dos gestores um grande senso de observação, disciplina e monitoramento contínuo no fluxo de caixa, receita, despesa e lucro”, diz
Para o consultor de negócios, se as contas apontarem para um mínimo grau de prejuízo, é preciso tomar providências para recolocar a empresa nos rumos antes que os danos fiquem mais difíceis de serem reparados. “Um bom negócio também é marcado pela gestão profissional das contas, que não mistura compromissos pessoais com obrigações da empresa. E claro: olhar sempre atento à concorrência. Afinal, neste universo do business e no que diz respeito ao encantamento dos clientes, o melhor é sempre surpreender, e não ser surpreendido”, arremata Camorim.