Com 35 hotéis em operação e outros 30 em fase de projeto ou construção, a Wyndham Hotels & Resorts — maior empresa de franquias hoteleiras do mundo — acelera sua expansão no Brasil. A meta é clara: pelo menos dobrar de tamanho nos próximos três anos, superando a marca de 60 empreendimentos no país.
Desse total de novos contratos assinados, 20 são voltados ao modelo de multipropriedade, consolidando a Wyndham como um dos principais players no setor de propriedade compartilhada no cenário nacional.
Para entender os planos de crescimento da companhia, os diferenciais de sua atuação no Brasil e o papel estratégico da multipropriedade dentro do portfólio, conversamos com dois nomes que lideram essa jornada: Armando Ramirez, diretor de Desenvolvimento para o Cone Sul, e Luciana Kuzuhara, gerente sênior de Desenvolvimento no Brasil.
ENTREVISTA: Armando Ramirez, Diretor de Desenvolvimento de Negócios para o Cone Sul
– Qual a sua análise sobre o potencial de desenvolvimento do setor?
Armando Ramirez: O Brasil apresenta um potencial extraordinário para a expansão hoteleira. A diversidade de destinos turísticos — praia, campo, montanha, ecoturismo, patrimônio histórico-cultural e turismo de negócios — cria uma base sólida para o crescimento. Mesmo diante dos desafios econômicos, o mercado interno continua dinâmico, com a classe média buscando novas opções de lazer. O avanço da infraestrutura, como concessões aeroportuárias e melhorias nas rodovias, amplia a conectividade e favorece o turismo. Além disso, há uma baixa saturação em mercados secundários e terciários, o que representa uma grande oportunidade para novos projetos. O cenário é promissor para empreendimentos bem planejados, sustentáveis e focados no turismo interno, exigindo cada vez mais gestão eficiente e inovação para atender às novas demandas do consumidor.
– A multipropriedade é uma alavanca para o turismo?
Armando Ramirez: Sem dúvida. A multipropriedade consolidou-se como um importante motor de desenvolvimento turístico no Brasil, especialmente nos últimos cinco anos. Ela democratiza o acesso a hospedagens de alto padrão, ao permitir que famílias da classe média invistam apenas em uma fração do imóvel. Além disso, estimula a frequência de viagens ao longo do ano, contribuindo para reduzir a sazonalidade no setor turístico. Um exemplo desse fortalecimento é a própria Wyndham que reúne um grupo de 20 contratos assinados para novos projetos de multipropriedade no Brasil. Hoje, temos dois empreendimentos de multipropriedade me operação, nos destinos Gramado (RS) e Olímpia (SP). Além do aquecimento do mercado, a esse fato se une a ampla experiência da Wyndham nesse segmento, tanto adicionando uma marca global ao empreendimento, como na gestão de negócios nessa área, que requerem especialização e experiência para alcançar o sucesso.
– Como você enxerga esse modelo de negócio como caminho para ampliar investimentos na hotelaria?
Armando Ramirez: A multipropriedade é, hoje, um modelo estratégico para o crescimento da hotelaria. Ela antecipa receitas através da venda fracionada, reduzindo a dependência de financiamento bancário e acelerando o retorno sobre investimento (ROI). Esse modelo facilita a viabilização de projetos em regiões ainda em desenvolvimento turístico. Mais do que uma alternativa de segunda residência, a multipropriedade é uma ferramenta de estruturação para o setor: oferece previsibilidade, liquidez e permite a expansão de empreendimentos em mercados emergentes. Com práticas sólidas de governança e gestão, a multipropriedade tem tudo para ser um vetor central do futuro da hotelaria no Brasil.
– Ao que você atribui o sucesso da Wyndham no Brasil?
Armando Ramirez: O sucesso da Wyndham no Brasil é resultado de uma combinação estratégica de fatores. Oferecemos um modelo de franquias leve e acessível, com forte suporte nas áreas de distribuição, marketing digital, treinamento e padrões operacionais. Nossa flexibilidade arquitetônica e a possibilidade de adaptação regional tornam a conversão de empreendimentos existentes mais simples. Além disso, apostamos no mercado brasileiro em um momento de cautela de outros players internacionais, o que nos permitiu consolidar presença rapidamente, firmar parcerias estratégicas e fortalecer a nossa marca no país.
ENTREVISTA – Luciana Kuzuhara, Gerente Sênior de Desenvolvimento de Negócios para o Brasil

– Como você analisa o potencial do Brasil para o desenvolvimento de novos projetos hoteleiros? Ainda há espaço para crescer?
Luciana Kuzuhara: O Brasil segue como um dos mercados mais promissores para a expansão hoteleira, tanto no segmento de lazer quanto no corporativo. Com dimensões continentais, diversidade de destinos e uma classe média em retomada de consumo, o país apresenta oportunidades significativas. Nos últimos anos, observamos uma mudança importante no comportamento do viajante brasileiro — intensificada pela pandemia — com maior valorização do turismo doméstico e regional. Esse movimento tem impulsionado o surgimento de novos polos turísticos, gerando demanda por hospedagem qualificada em destinos emergentes. Modelos alternativos, como a multipropriedade, também vêm ampliando a viabilidade econômica para investidores, tornando o desenvolvimento hoteleiro mais atrativo inclusive em cidades de médio porte. Naturalmente, enfrentamos desafios estruturais, como burocracia, acesso ao crédito e qualificação da mão de obra. Por isso, a escolha de parceiros estratégicos, com experiência e profundo conhecimento de mercado, é essencial para o êxito de novos empreendimentos. Em síntese, há sim muito espaço para crescer — desde que com inteligência estratégica, modelo de negócios adequado e foco em performance. O Brasil está longe de um cenário de saturação; ao contrário, ele está amadurecendo. Dentro do portfólio de 25 marcas da Wyndham, enxergamos grande potencial para adaptar nossas soluções a diferentes realidades, seja em cidades primárias, secundárias ou em nichos específicos. O momento é propício para crescer com solidez e propósito.
– A Wyndham é a maior empresa de franquias hoteleiras do mundo. A franquia é, de fato, um caminho para que hotéis — novos ou em operação — melhorem sua performance?
Luciana Kuzuhara: Sem dúvida. A franquia é uma solução eficaz para aumentar competitividade, tanto para hotéis em fase de implantação quanto para empreendimentos já em operação. Hoje, cerca de 90% do nosso portfólio global, que ultrapassa 9.300 hotéis, opera sob esse modelo. Ao adotar uma franquia, o hoteleiro passa a contar com o respaldo de uma marca consolidada, acesso a canais de distribuição globais, programas de fidelidade, suporte em marketing e tecnologia, além de padrões operacionais testados e aprovados em escala mundial. Esses diferenciais contribuem diretamente para a elevação da taxa de ocupação e do reconhecimento de marca. Para novos empreendimentos, a franquia representa uma forma de entrada mais segura no mercado. Já para hotéis independentes, a conversão pode ser um importante movimento de reposicionamento, modernização e ganho de eficiência. Em um setor onde a eficiência operacional e a força da marca são determinantes para a rentabilidade, a franquia com uma rede como a Wyndham se mostra uma decisão estratégica. É um modelo que combina a autonomia do investidor com a robustez de uma operação global, com foco em resultados sustentáveis no curto, médio e longo prazo.
– A Wyndham tem forte presença no segmento de multipropriedade. Esse é um dos pilares para o crescimento da companhia?
Luciana Kuzuhara: Embora muitos vejam a forte presença da Wyndham no segmento de multipropriedade como um direcionamento recente, a verdade é que essa atuação faz parte do DNA da empresa, o que tornou essa trajetória um movimento natural. Nossa trajetória nesse modelo é sólida e consistente, fruto de uma decisão estratégica tomada há anos. Fomos pioneiros na operação de empreendimentos nesse formato e, hoje, colhemos resultados expressivos. O Wyndham Olímpia, com 960 apartamentos e milhares de proprietários, e o Wyndham Termas de Gramado, com 464 unidades, são exemplos da nossa expertise consolidada. Já são mais de 20 contratos assinados — entre franquia e gestão — exclusivamente voltados à multipropriedade. Mais do que expandir presença, desenvolvemos um know-how específico para esse tipo de operação, que exige excelência em hospitalidade e, sobretudo, uma gestão altamente estruturada no relacionamento com milhares de coproprietários. Estamos preparados para atuar com solidez tanto no modelo tradicional de franquia e gestão — incluindo hotéis independentes, resorts e condo-hotéis — quanto na multipropriedade. Essa versatilidade é um diferencial estratégico que sustenta o nosso crescimento no Brasil e na América Latina: oferecer soluções completas e eficazes, independentemente do formato de negócio.
– A Wyndham tem atualmente mais de 30 contratos assinados no pipeline brasileiro. Quais são os objetivos para o País em 2025 e como pretendem alcançá-los?
Luciana Kuzuhara: Nossa missão é clara: tornar possível a experiência de hospedagem para todos. Onde quer que as pessoas viajem, queremos estar presentes para recebê-las com excelência. Em 2025, nosso foco será expandir com consistência, aprofundar parcerias estratégicas e consolidar nossa posição como referência em soluções hoteleiras no Brasil. Mais do que crescer em número de hotéis, queremos crescer em qualidade, relevância e impacto positivo para os nossos parceiros. Temos uma visão clara para o Brasil: crescer com inteligência, lado a lado com proprietários, incorporadores e investidores. Nosso objetivo é entregar empreendimentos rentáveis, bem operados e desejados pelo mercado. A Wyndham não se limita à entrega de uma bandeira — oferecemos suporte integral e know-how técnico que impacta diretamente o desempenho do ativo. É com essa abordagem, baseada em parceria e resultado, que avançaremos no Brasil nos próximos anos.






