Em 2023, a governança corporativa ficou em evidência no mercado de multipropriedade, visando a busca de funding e fortalecer a relação com os vários stakeholders do negócio. Para debater o tema, o seminário Multipropriedade Summit realizou o painel “Governança Corporativa – Como a relação com stakeholders determina a gestão de riscos da sua empresa?”, com a participação de Danilo Samezima, CEO da Oceanic Empreendimentos, como moderador, Alessandro Cunha, CEO da Aviva; Luiz Fernando Mathia, diretor de Vacation Ownership do Grupo Ferrasa; Camila Abigail, sócia da Abissal Capitalismo Saudável; e Marco Vargas, diretor de operações da ABROTEC e sócio da New Time.
O Multipropriedade Summit foi realizado pelo Turismo Compartilhado no dia 03/08, no Espaço Immensità, em São Paulo (SP), visando gerar novos negócios e debater o mercado de multipropriedade, com presença de quase 200 participantes e 70 empresas. O público do evento foi formado por empresários, empreendedores, investidores, incorporadores, advogados, consultorias, hoteleiros, entre outros.
“Estamos sempre mirando o crescimento sustentável da multipropriedade. Quando olhamos para outros mercados, vemos que ainda temos um caminho muito longo para percorrer, tanto em resultado e governança, e acreditamos que temos oportunidade de continuar crescendo”, iniciou o painel Danilo Samezima.
Alessandro Cunha explicou como funciona o processo de governança corporativa na Aviva, detentora dos destinos Rio Quente, em Goiás, e Costa do Sauípe, na Bahia. Com uma estrutura de governança bem robusta, a empresa conta há mais de 30 anos com um Conselho de Administração, com membros indicados pelos acionistas, que tem suas rotinas de monitoramentos e acompanhamentos. Dentro deste conselho, há três Comitês de Assessoramentos: de Estratégia, Auditoria e Comissão de Riscos, e Talentos Humanos e Governança Corporativa, cada um destes formado por um membro do conselho, o head da companhia que cuida do tema e convidados externos. Abaixo há o Comitê Executivo, que se reúne para tratar de temas das unidades de negócios e tomar decisões colegiadas. Para chegar a estrutura hierárquica, com os diretores e gerentes.
“Como a governança agiliza a tomada de decisão? Muitas pessoas falam que a governança burocratiza a empresa, mas estabelecido o conjunto de processos, quando se tem muito claro o papel de cada um dentro do processo, traz muita segurança para os gestores, funcionários e clientes”, afirmou o CEO da Aviva, que completou que a empresa ainda conta com um canal de integridade, matriz de responsabilidade e consequência, além de todos sistemas e processos estarem alinhados à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Governança importante para crescimento
Com mais de 40 anos de fundação na incorporação imobiliária em Olímpia (SP), o Grupo Ferrasa vem nos últimos 20 anos se estruturando para atuar no turismo, multipropriedade e entretenimento, com um empreendimento fracionado em operação, o Hot Beach Suítes, e um em fase de vendas e construção, o Hot Beach You, contando com mais de 11 mil clientes/proprietários de frações imobiliárias, além dos hotéis próprios, flats hoteleiros e parque aquático.
“A governança vem sendo desenvolvida pelo grupo há cinco ou seis anos, principalmente porque estamos crescendo de maneira acelerada, acompanhando o crescimento do turismo de Olímpia”, afirmou Luiz Fernando Mathia. Ele explicou que o Grupo Ferrasa conta com um Conselho de Acionistas, que desenvolve todo debate e trabalho de estratégia, um comitê executivo, formado por diretores e acionistas, e há dois anos está desenvolvendo processos de matriz de alçada e delegação com parceria da consultoria Mapie.
“Sem governança corporativa não chegaríamos onde estamos agora. Estamos nos preparando para lidar com 32 mil clientes da multipropriedade, além de recebermos mais de 1 milhão de visitantes por ano em nosso parque aquático, o Hot Beach Olímpia”, disse o diretor do Grupo Ferrasa.
Papel da consultoria
Marco Vargas explicou os desafios da consultoria de multipropriedade em atuar com incorporadoras do mercado imobiliários que não conhecem a multipropriedade e não contam com processos de governança estabelecidos.
“Normalmente, a multipropriedade nasce da cabeça do incorporador, depois que o mesmo assistiu sobre o modelo em algum evento e se encantou com os números e VGV apresentados, e resolve desenvolver um projeto fracionado”, disse o diretor da ABROTEC. Ele salientou que as consultorias iniciam projetos em que as incorporadoras não contam com planejamento e estrutura para o andamento do empreendimento, como contratação de profissionais, obras, busca por funding e entrega.
“Aconselhamos o incorporador a se preparar antes de iniciar um projeto de multipropriedade. Muitas vezes as empresas vão se estruturando durante o processo de crescimento, e com as vendas aumentando. A governança traria uma previsibilidade para o projeto. Por isso é importante ter uma consultoria e um advisor para a multipropriedade”, afirmou Marco.
Gestão de riscos
Falando sobre a estruturação da governança e o impacto positivo que o mercado de multipropriedade pode deixar para os clientes, Camila Abigail esclareceu que o conceito de governança corporativa significa a direção que vai nortear a tomada de decisão para o negócio ou também gestão de riscos.
“Fala-se muito que governança deve ter um conselho administrativo, comitês internos. Isso são ferramentas que estruturamos para um direcionamento mais seguro do negócio. Quando falamos de governança temos que considerar o olhar de todos os stakeholders do negócio. A visão do cliente tem que estar na mesa de decisão, pois também é um stakeholder”, disse ela.
Camila também explicou que a implantação de processos de governança não demanda altos investimentos e que deve ser implantada em todas empresas, sejam grandes ou pequenas.
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