Com um crescimento de 45,38% no VGV (Valor Geral de Vendas) e 15,38% no número de empreendimentos, atingindo R$ 59,9 bilhões e 180 projetos lançados, respectivamente, de acordo com o Cenário de Desenvolvimento de Multipropriedades 2023, estudo elaborado pela Caio Calfat Real Estate Consulting, a multipropriedade segue em um ritmo forte de expansão, com novos lançamentos e atraindo cada vez mais novos investidores, incorporadores e hoteleiros. Porém, os mais recentes acontecimentos envolvendo empresas do mercado e fundos de investimentos imobiliários (FII) lançaram dúvidas sobre a sustentabilidade desse modelo de negócio.
Nesse clima, a ADIT Brasil (Associação para Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil) deu início ao ADIT Share hoje, 16/05, na Costa do Sauípe (BA), com o curso “Timeshare e Multipropriedade no Brasil e no Mundo: Tudo o que você deveria saber!”, seguindo pelos próximos três dias com programação de painéis, palestras, networking e visitas técnicas.
Em entrevista coletiva, Caio Calfat, presidente do Conselho da ADIT Brasil, Martín Diaz, presidente executivo da ADIT Brasil, Fabiana Leite, diretora de Desenvolvimento de Negócios América do Sul da RCI e coordenadora da Comissão de Propriedade Compartilhada da ADIT Brasil, e Rony Stefano, diretor financeiro da ADIT Brasil, contaram mais detalhes e expectativas para o evento.
Na 11ª edição do ADIT Share são esperadas cerca de 450 pessoas, de 20 estados. ”O principal ativo da entidade é o networking, por isso criamos mais momento de conexão”, afirmou Martín Diaz. Ele destacou que o seminário deste ano será o maior em termos de conteúdo. “A primeira missão foi entregar um conteúdo excelente”, disse o executivo. Como exemplo de conteúdo, Martin frisou a busca por mão de obra qualificada, formação e fidelização de talentos na multipropriedade e timeshare como temas em dois painéis.
Fabiana leite destacou a palestra que Pedro Cypriano, da Noctua Advisory, que irá analisar os números do timeshare e da intercambiadora de férias RCI. “Vamos tocar em todas as pontas da cadeia: a visão dos C leves, a visão dos clientes, as comercializadoras, a parte do direito, arquitetura, a experiência do cliente, o que estamos entregando e a maneira que estamos entregando, os números e dados, abrangendo todos os assuntos que os players deveriam entender”.
Pesquisa e SOS Multipropriedade
O presidente do Conselho da ADIT Brasil, Caio Calfat, salientou que os números atingidos pela multipropriedade mostram a força, o potencial e solidez do setor. Ele lembrou que todos segmentos têm problemas e empresas que passam dificuldades por má gestão. “Montamos um grupo de trabalho, no Secovi e ADIT, chamado SOS Multipropriedade, um grupo permanente para tratar dos problemas do setor, trabalhando, enxergando os problemas e propondo soluções”, revelou.
Segundo Caio Calfat, nos últimos sete anos o segmento imobiliário turístico passou por muitas dificuldades, tanto por crises por superofertas e demandas, taxas de juros elevadas e também a pandemia, porém a multipropriedade continuou crescendo, atingindo 180 empreendimentos, em 81 cidades, 19 estados, totalizando um VGV de R$ 59,9 bilhões. “Nenhum segmento teve essa capacidade de crescimento. Parece que não teve pandemia e outras crises”.
Rony Stefano destacou o importante papel da multipropriedade no desenvolvimento social e econômico das cidades. “Está gerando emprego e renda, e impactando o turismo e economia locais”.
Outros pontos da pesquisa destacados por Caio Calfat foi a taxa de cancelamento que ficou em um nível satisfatório, com uma média 37,7%; e o fato da multipropriedade estar promovendo a regionalização do turismo. Em 2019, havia empreendimentos em 45 cidades, e este ano, há multipropriedades em 81 cidades brasileiros.
Crise dos fundos de investimentos imobiliários
Para Caio, a alternativa para a crise entre fundos imobiliários e multipropriedade é o mercado estudar e buscar novas alternativas de funding. Ele revelou que grupos financeiros estão estudando a multipropriedade para formatar novas soluções de financiamento.
“Não existe melhor financiamento que o dinheiro dos clientes”, afirmou Rony Stefano. De acordo com ele, apesar da taxa de juros elevada, o ambiente econômico está propício e as empresas continuam vendendo e se autofinanciando, o que prova que a crise não é sistêmica.
“Porém, ainda assim tem que se buscar um financiamento estrutural para o setor”, disse o diretor financeiro da ADIT Brasil. Ele frisou que como o mercado ainda ser pequeno e novo, as empresas do mercado financeiro ainda enxergam riscos nos negócios. “Os banqueiros não enxergam um histórico estatístico a respeito do produto, com o setor crescendo, entregando os empreendimentos e conseguindo ter uma estruturação, terá mais financiamentos”.
· O canal Turismo Compartilhado cobre o ADIT Share a convite da ADIT Brasil