Vamos falar de sustentabilidade? Essa palavra é muito utilizada no sentido ambiental; porém, não se restringe apenas à natureza. Sustentabilidade econômica/financeira, sustentabilidade recorrente de longo prazo, etc.
Um dos grandes desafios é estruturar a sustentabilidade econômica/financeira, para que o negócio possa perpetuar e ser viável a longo prazo.
E nós da arquitetura voltada para o entretenimento e hospitalidade, o que podemos fazer para atingir a sustentabilidade em nossos projetos?
Esse é um grande desafio e, ao mesmo tempo, é a dor que tiramos do mercado. Temos um propósito bem claro de “criar projetos que contribua para a felicidade e bem-estar das pessoas” e, em contrapartida, temos também uma proposta de valor oferecida aos clientes que consiste em “Sustentabilidade em todos os sentidos”.
Desdobrando esse conceito, é criar um projeto que desperte o desejo das pessoas por ele, agregando valor comercial e ao negócio do cliente e, ao mesmo tempo, financeiramente viável na visão operacional onde ocorre um custo recorrente, como na visão de investimento de implantação, que impacta diretamente na margem financeira do empreendimento, garantindo assim retorno e benefício a todos os envolvidos.
Criar desejo é algo muito subjetivo no sentido de que cada pessoa tem necessidades diferentes e enxerga a vida por uma ótica muito específica, que envolve cultura, religião, nível socioeconômico, etc. Porém, para que isso aconteça é necessário ter poucos elementos e muito bem definidos, e que se tornem marcantes dentro do projeto ou empreendimento; o cliente precisa enxergar o valor desses elementos e eles precisam ser verdadeiros, honestos e fazer sentido para maioria das pessoas.
Elementos como a biofilia são recursos fantásticos para criar valor em um projeto, mas precisam ser verdadeiros; precisa ter integração com a natureza, os elementos não naturais necessitam ter qualidade, bom acabamento, etc.
Outra ferramenta de projeto são os elementos naturais (fogo, terra, ar, água), onde o conceito precisa estar muito evidente para os clientes; assim como tantas outras experiências podem ser geradas.
Em contrapartida, para que esse empreendimento seja economicamente viável, tenha um bom custo operacional recorrente e um bom (ROI) retorno sobre o investimento, o projeto precisa nascer com esse conceito; é necessária uma análise criteriosa de quais áreas, dimensões, tipo de equipamento e mão de obra, para não ter nada em excesso, evitando assim o desperdício, seja ele de recursos, materiais ou tempo.
Essa análise criteriosa precisa retirar tudo o que não é necessário, tudo que não agrega valor na experiência do cliente ou que não gere ganho operacional.
Retirando os excessos, tem-se a disponibilidade maior de recursos, materiais e tempo para investir em elementos que agregam valor na experiência oferecida aos clientes.
Essa não é uma receita ou roteiro a ser seguido, mas um conceito a ser trabalhado, que terá como base ou referência para as tomadas de decisões durante o processo do projeto.
* Milton Filho é arquiteto e urbanista, sócio da MFDC Arquitetura & Design, Professor do MBA da FAG no curso de Archidesign no mercado de luxo, com ampla experiência em arquitetura e construção civil, possui MBA em gestão de projetos pela FGV, e no segmento de turismo atuou por seis anos na AVIVA como coordenador de projetos, gerenciando o portfólio de projetos da empresa.
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