Indústria de turismo compartilhado segue aquecida e em expansão mesmo após ter parte de suas atividades suspensas por conta da pandemia
- Fábio Mendonça
Logo em meados de março deste ano, quando hotéis, parques aquáticos e salas de vendas tiveram que suspender suas atividades, como medidas restritivas para conter a transmissão da covid-19, os players atuantes no segmento de propriedade compartilhada se reinventaram e se adaptaram aquela situação inédita. E desde então, como estão essas empresas hoje?
Conferindo o estrago que a pandemia fez no mundo e, principalmente, no Brasil, com economias dos países em frangalhos, recessão, inflação, desemprego, governos dos países tendo que lançar mão de medidas arriscadas como auxilio salarial para os trabalhadores, isenção de impostos, e depois olhando para o segmento de propriedade compartilhada, você irá se perguntar: ‘’onde está a crise nesse mercado?’’.
Isso não é exagero! Nos últimos anos o mercado vinha em uma curva de crescimento, mas ainda é surpreendente a recuperação e expansão desta indústria, mesmo durante a considerada maior crise mundial do século XXI.
A primeira medida das empresas foi reforçar os processos de pós-vendas, para manter as carteiras de recebíveis saudáveis. Ainda antes da abertura das salas de vendas, as empresas se movimentaram e iniciaram seus modelos de vendas pela internet. Mesmo sem ter um processo definido, comprovadamente eficiente, já que as experiências no meio digital para o tempo compartilhada eram poucas, os players conseguir ter algumas vendas, bem menos que no presencial. Atualmente, os resultados de vendas, somando as células digitais e presenciais, já estão se assemelhando aos períodos pré-pandemia.
Entre março e novembro foram lançados mais de 20 novos projetos comerciais, de multipropriedade e timeshare. Novos players entrando no segmento, sejam incorporadoras, resorts ou novas consultorias. Isso significa mais empregos sendo gerados, mais vendas, mais tributos aos governos, mais dinheiro circulando no país e mais empresários interessados em conhecer a propriedade compartilhada. Comparando com 2019, podemos afirmar que esse ano já teve mais novos lançamentos, mas as vendas ficarão bem abaixo, já que teve um período que não foram realizadas vendas.
Obviamente, esses incorporadores e hoteleiros já estavam estudando a viabilidade dos projetos antes da pandemia. Mas o que surpreende é que mesmo no atual cenário, com as medidas restritivas, menos vendas, menos hospedagens, eles seguiram os planos de lançar ainda em 2020 e não esperar a economia melhorar.
Esses novos lançamentos em meio a pandemia mostram que os empresários compreendem as vantagens do modelo de propriedade compartilhada para os negócios. Seja a multipropriredade, que acelera as vendas do empreendimento e aumenta o VGV (Valor Geral de Vendas). Seja o timeshare, que fideliza clientes para hotéis e resorts, tem antecipação de caixa com vendas de diárias antecipadas e combate a sazonalidade hoteleira.
Aliás, hotéis e resorts que contam com o modelo de vacation club tiveram melhor desempenho em 2002, pois tiveram entradas de receitas, mesmo com os empreendimentos fechados durante o período de lockdown, com os recebimentos recorrentes dos clientes dos clubes de férias. Além de já possuir uma base de clientes fidelizada para garantir alguma ocupação na retomada das operações.
E claro, o modelo de propriedade compartilhada, performa muito bem em crises, casando com o que as famílias brasileiras mais querem no momento: ter férias e lazer, mas sem precisar investir fortunas.
Ainda em junho, já conseguíamos verificar um movimento de novos empreendedores interessados em lançar resorts de mutipropriedade, e buscavam parcerias: sócios, investidores, consultorias, incorporadoras. Essas negociações para novos empreendimentos são demoradas, podendo levar anos até o projeto ser lançado oficialmente, pois os envolvidos estudam os mínimos detalhes da viabilidade dos negócios e após definidos os sócios e parceiros, tem a parte de desenvolvimento do projeto e aprovações de licenças, para então conseguir lançar às vendas.
Esse cenário atual nos faz imaginar o que teria sido o mercado sem pandemia em 2020, o tanto mais que poderia ter crescido. Os próximos capítulos deste segmento deverão ser intensos. A busca por novos negócios segue seu caminho com força. Cada empresa com sua estratégia de captar novos parceiros para lançar projetos, atrair talentos para concretizar as vendas aos clientes. E assim, segue, sem descanso, já que não há crise na multipropriedade e timeshare!