Artigo de Ricard Massó, fundador da IMG International
A história começa quando eu tinha 21 anos e me transformei num empresário. O ano era 2005 e eu tinha comprado algumas propriedades numa avenida situada numa região muito bem valorizada.
Porém, tinha sobrado um imóvel de dois andares, nessa avenida, e além dele não tinha mais nenhum empreendimento disponível para compra. O térreo era um antigo espaço comercial e no primeiro andar havia uma residência muito grande, que tinha uns 400 metros quadrados.
Eu tinha vontade de comprar o térreo. O problema é que a moradora do andar de cima era a antiga proprietária de todo o imóvel, e ela retirava a placa de vende-se todos os dias porque não queria que alguém descobrisse que ele estava embargado por um banco, e disponível para venda.
Só que um dia eu ví a placa, comprei o térreo, e passei uns 8 meses lutando para conseguir convencer a moradora do imóvel de cima para vendê-lo para mim.
Deu certo.
A partir daí, o meu primeiro plano era desenvolver o empreendimento, construindo vários apartamentos. Mas naquele momento, começaram a explodir os empréstimos subprime nos Estados Unidos.
Existia uma espécie de pacote desestruturado de financiamento, onde os americanos davam empréstimos para pessoas que não tinham como pagá-los, juntava todos esses empréstimos em pacotes de financiamento, e vendia para os bancos europeus. Os bancos europeus faziam a mesma coisa, vendiam os pacotes para a Ásia, e assim por diante.
Eu tinha noção do que estava acontecendo, e comecei a me assustar porque o mercado americano começou a aumentar a inadimplência e explodir os empréstimos, no mesmo momento em que eu tinha acabado de adquirir a propriedade de mais valor que eu já tinha comprado na minha vida.
Esse foi o gatilho que me trouxe para o Brasil, porque eu tive a seguinte reflexão: vai dar ruim para o mercado, ninguém mais vai conseguir vender apartamentos, os bancos vão perder liquidez, vão deixar de dar financiamento, e as pessoas não irão comprar.
Um dia, eu fui ao escritório do meu contador e vi na recepção alguns panfletos de divulgação sobre o nordeste brasileiro.
Eu sempre tive muitas afinidades com o Brasil, desde quando eu tinha uns 14 anos, porque eu sou muito fanático por futebol, gostava muito dos jogadores brasileiros, estava sempre muito curioso para saber coisas do Brasil, e também via anúncios de televisão com as praias, os coqueiros, mulheres bonitas, e achava interessante o país.
Quando eu olhei para o panfleto eu comecei a refletir: será que o Brasil é uma boa oportunidade para mim?
Noutro dia, eu fui num almoço com um casal de amigos que tinha passado lua de mel em Natal, no Rio Grande do Norte. Eles falaram para mim que pelo valor de um estacionamento em Barcelona você compraria um apartamento com vista para o mar em Natal.
Isso parecia surreal para mim.
A próxima coincidência com o nordeste brasileiro foi quando outro amigo me disse que estava indo morar em Natal porque tinha um colega que abriu um restaurante de luxo sensacional que estava faturando alto.
No final das contas, ele nunca veio para Natal, mas essa história ficou na minha cabeça.
Ao ouvir tudo isso, aliado ao medo de ficar na Europa naquele momento, eu vim para Natal com a curiosidade de saber se era verdade tudo o que falavam sobre a cidade.
Conheci restaurantes, fiz alguns passeios, comecei a me relacionar com pessoas do setor imobiliário que vendiam terrenos, conheci alguns prédios, e falei com engenheiros para entender um pouco o setor imobiliário da cidade.
Fiquei tão empolgado com tudo que ví, que em 15 dias eu comprei 60 imóveis.
Quando eu voltei para a Europa ainda tinha muito vínculo com o setor imobiliário de lá. Então comecei a ativar os meus contatos apresentando as propriedades que eu tinha adquirido no Brasil e vendi tudo.
Com todo esse sucesso, eu tive a convicção de que investir em Natal era um bom negócio.
Então comecei a fazer negócios no Nordeste, não apenas Natal, mas também em Fortaleza e João Pessoa.
Com o passar do tempo, eu tive a ideia de me envolver também com a construção de imóveis com o objetivo de ampliar os lucros.
Foi então que aconteceu o primeiro negócio da IMG no Brasil.
Mas, isso é assunto para o próximo artigo.
Agora eu quero que você me responda a seguinte pergunta: quais foram os principais gatilhos que te impulsionaram a sair da zona de conforto?
Fala nos comentários.
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